domingo, 2 de setembro de 2012

Lá como cá?

Estudiosos britânicos das Ciências do Esporte  acreditam que os Jogos Olímpicos de Londres não deixarão nenhum legado relevante para a EF escolar.

Entre outras coisas, eles acusam a falta de investimentos em programas para o ensino e o incentivo à prática esportiva nas escolas primárias, enquanto que os fundos para o esporte de alto rendimento, que valeu à Inglaterra o terceiro lugar no quadro de medalhas, ficaram a maior fatia de recursos.

Vale a pena ler em: http://noticias.terra.com.br/educacao/noticias/0,,OI6116860-EI8266,00-Para+especialistas+legado+olimpico+em+escolas+britanicas+e+improvavel.html

3 comentários:

Cristiano Mezzaroba disse...

Gio... que achado heim?! Este post é importantíssimo pra nós! Lembro da minha dissertação, me perguntava: será que a EF escolar brasileira vai ser "inspirada" aproveitando-se dos Jogos Pan-americanos Rio/2007? Confesso que hoje, penso ter sido muito ingênuo. As próprias ideias dessa professora inglesa reafirmam isso. Acho que temos que pensar que esses dois caminhos que muitas vezes se confundem (e causam uma confusão!) do legado olímpico em relação às práticas esportivas da população em geral e mesmo de escolares, bem como dessas práticas repercutirem, principalmente, na "forma física" dos jovens é um problemão. Hugo Lovisolo foi muito feliz naquele texto da "Paisagem das tribos". Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Pode até ser que os Jogos Olímpicos inspirem uma geração. Lembro-me até hoje daquele feliz domingo de manhã de 1992, quando vi a seleção brasileira masculina de vôlei se tornando campeã olímpica. Me inspirou a jogar vôlei, a gostar de vôlei - mas não ser atleta de vôlei. Peguemos o exemplo de agora e o futebol olímpico: esses jovens se inspiram tanto em Neymar, fomos bombardeados com publicidade que só deu ele... o que nos inspirou??? Pra terminar, concordando e discordando da tal professora - concordando no sentido de que os Jogos não deixam mesmo legado relevante para a EF escolar e também na questão estrutural/materiais do que nossas escolas têm - e discordando porque penso que o esporte na escola (DA ESCOLA?) não deve ser usado com os fins que ela sugere, de desenvolvimento da forma física (como fim central, influenciado por esses discursos da "vida ativa"), e tampouco em 1 ou 2 aulas por semana afirmar isso é uma grande hipocrisia (E MENTIRA!), mas que o esporte seja tratado/tematizado/praticado na perspectiva de conteúdo. Aí sim, quem sabe, o universo esportivo INSPIRE uma geração para além das prátcas com fins mercadológicos e espetacularizados. Dá um bom debate isso né?

Diego S. Mendes disse...

Boa reflexão, Cris. Interessante o relato dessa pesquisa aqui, pois muitos tendem a crer que o problema dos legados dos Megaeventos são problemas exclusivos da nossa péssima administração pública (o que, sem dúvida, pode ser lido como um fato), enquanto eles são estruturais. Advém da própria lógica mercadológica inerente a esses espetáculos. O discurso sobre os legados é mais uma parte dos enunciados mitificadores que envolvem a realização dos jogos. Com isso, não quero aqui banalizar que tudo esta perdido, logo, devemos aceitar a lógica imposta. O que julgo primordial é esclarecer estudantes e comunidade escolar a respeito de fatos como esses, ai sim poderemos falar em outros legados, não aqueles prometidos por marketeiros, mas aqueles construídos em processos formativos, quem sabe (assim espero), até mesmo na escola. Talvez, deste modo, possamos algum dia exigir que as publicidades atendam as demandas públicas envolvidas no $how bu$ine$$

Silvan Menezes disse...

"Inspirar uma geração" sem entender os sentidos e significados que são inerentes ao ambiente cultural dessas pessoas. O que o Cris apontou e o que o Diegão complementou são elementos fundamentais para a formação/construção/desenvolvimento de um legado social. Talvez a direção da projeção e evolução desse grande projeto dos megaeventos esteja equivocada, principalmente por estar delineada pelos interesses comerciais do produto para consumo. Se os interesses sociais e culturais não se tornarem princípio, a geração será simplesmente forjada para a frustração e ilusão, a inspiração será basicamente monetária.