domingo, 12 de maio de 2013

Seminário “Mapeando Controvérsias Contemporâneas: humanos e não-humanos na antropologia”

Infelizmente é no horário da reunião do LaboMídia/UFSC. Mas fica o registro do evento de amanhã organizado pelo GrupCiber (Antropologia no Ciberespaço).

O Seminário “Mapeando Controvérsias Contemporâneas: humanos e não-humanos na antropologia” será realizado no dia 13 de maio, das 18h às 22h, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH), organizado por Theophilos Rifiotis (Departamento de Antropologia da UFSC) e Jean Segata (bolsista de pós-doutorado do CNPq no PPGAS/UFSC).


Para quem quiser se aproximar das discussões, a página do GrupCiber reúne as produções do grupo e uma "biblioteca" com textos sobre a temática. As aproximações mais recentes com as teorias do Bruno Latour, em especial a teoria "Ator-Rede", abre perspectivas (ou pelo menos indica fronteiras) interessantes para a Educação Física.



Que cheiro de naftalina! Ou: eu nunca pensei que "voces" virariam "eles"! - Parte II

Outra notícia que me causou indignação foi o lançamento do programa Atleta na Escola. O factoide promovido pelo governo essa semana reuniu o ministro-maluquinho (aquele que adora um factoide, o Mercadante), o garoto-propaganda da Nike (o comunista - aí! - Aldo Rebelo) e o representante do Ministério da Defesa (?), general Fernando de Azevedo (mas não podia ter outro nome, que não ofendesse o célebre educador?).
Ora, dos dois ministérios - Esporte e Defesa (?) - a gente pode esperar qualquer coisa mesmo. No do Esporte, como sabemos, além da adesão incondicional do PC do B à máfia do esporte nacional (COB/CBF), que vem de longe, o objetivo é outro, tem a ver com convenio$, transferencia$, negociaçõe$... Na Defesa, a lógica do espírito militar garante obediência servil, portanto, abrir os quartéis para realizar disputas de atletismo não tem nada de excepcional.
Mas o Ministério da Educação, que já teve à frente um Cristóvão Buarque, embrenhar-se nessa palhaçada de detecção de talentos na escola, sob o argumento que isso será o legado que os megaeventos deixarão à cultura esportiva do país, é de doer! É a re-esportivização da Educação Física escolar em marcha...batida! Nos anos 70, com o argumento de que era preciso provar sermos uma potência mundial (na verdade, para abafar a resistência estudantil ao governo militar), a ditadura militar também usou esse discurso do esporte, por atos, decretos e ações. É impressionante como, nessa área, o governo Lula/Dilma segue tão  fielmente os passos da ditadura. Tornaram-se "eles" e ainda acham que são originais!    

Que cheiro de naftalina! Ou: eu nunca pensei que "voces" virariam "eles"! - Parte I

Uma série de notícias divulgadas na mídia nesta última semana me trouxe um misto de sentimentos, como incredulidade, "déjà vu", tristeza, etc. Na verdade, seria até risível não fosse trágico. Vou comenta-las em duas mensagens.

O primeiro é o lançamento da campanha institucional do Ministério do Esporte visando a Copa do Mundo, com o slogan A Pátria de Chuteiras, inspiração óbvia na obra do imortal (e conservador) Nelson Rodrigues. Para completar o cheiro da naftalina, a trilha da vinheta da campanha é o célebre "que bonito é!" (Na cadência do samba, de Waldir Calmon e Luiz Bandeira), também imortalizado, nos anos 70-80,pelo cinejornal  especializado em futebol (mas não só!), o Canal 100. 
Essa lógica saudosista, que sugere o resgate de um "tempo bom" para o futebol brasileiro, já tinha começado com a convocação dos dois técnicos campeões do mundo pela seleção (Parreira, 1994, para coordenador; Felipão, 2002, para treinador). Na demissão de Mano Menezes, responsável pela renovação (inacabada) da seleção, Marin, o deputado da ditadura dos anos 70, preferiu o pensamento mágico. 
Para completar, nessa semana, Felipão visitou a Escola de Educação Física do Exército, na Urca/RJ, afirmando que a primeira parte da preparação da seleção para a Copa das Confederações poderia ser lá. Nada mais anos 70! As instalações da ESEFEx foram a base da "seleção do tri", aquela dos "90 milhões em ação" e do "Ame-o ou Deixe-o!" Naquele tempo, futebol era questão de estado...militar! Nada mais normal para um cara que já disse que talvez Pinochet tivesse razão em fazer o que fez no Chile! Como o Parreira, que já estava lá, continua, só falta mesmo ressuscitarem o capitão Claudio Coutinho! E tudo isso num governo PT-PCdoB, com uma presidenta torturada... por "eles"! Por isso, nunca pensei que voces virariam eles! 

sábado, 11 de maio de 2013

Sobre o tempo (Memórias de uma mesa redonda)


Quando recebi o e-mail convite para participar da mesa redonda sobre Mídia-educação no I Lincom[1], não hesitei um segundo em aceitar a tarefa e nem cinco minutos, em meio ao (dito) instantâneo retorno da correspondência digital (um pequeno ritual que envolve abrir a caixa para a resposta, escrever a mensagem, ler, reler, conferir com a ferramenta de correção, confirmar o destinatário e, ufa!, enviar a mensagem) para replicar a solicitação. Mas demorei alguns dias para entender o porquê desta rapidez. E após longas e perniciosas indagações, algumas noites de insônia e uma coleta intensa de opiniões sobre “como participar de uma mesa redonda”, a resposta que tanto procurava apareceu em um instante.

O caminho para Caiobá e Matinhos de balsa
Alcançar os detalhes em meio a correria diária e encontrar o Eldorado perdido são, hoje, tarefas análogas. E no ambiente acadêmico (ok, não só nele), falar do tempo virou um “mantra”. Convenhamos, nada mais esquizoide do que um tema ascético para sacralizar um momento de inconformidade coletiva relacionada ao tempo, ou a falta dele. Mas ao (re)converter o sentido, eis que o significado cintila como o sol espelhado no balanço marítimo do canal. Dias de dúvidas e questionamentos resolvidos em um suspiro (o primeiro de muitos). Era o anúncio de que aquele momento prometia agradáveis reflexões.

Logo imagino ter conseguido localizar algumas razões para desconfiar das lamúrias sobre a falta de tempo. Em apenas um dia vivi as descobertas e desalentos de um curioso menino que me convidou a assistir, nas tardes de sua infância, aos seus filmes trash favoritos; dancei, cantei e me entreguei às batidas adornadas pelas imagens dos videoclipes preferidos de um jovem inquieto e festivo, que me escancarou as portas de sua casa, já assoberbada de convidados ilustres (livros, filmes, discos, brinquedos, lembranças, paisagens); e viajei das gélidas sensações de uma madrugada desértica ao topo de cordilheiras nevadas, sensações retratadas e recontadas a cada acesso. Pouca coisa?

Entrada da UFPR Litoral
Também entendi que a acolhida intervém positivamente nos processos (nesses tempos em que executar é mais do que de experienciar, a necessidade de afirmação desfaz a redundância), e retoma seu sentido de arte e arrebatamento. Na tenda, que traz dentro de si o mar que nos envolve, vejo o amparo da plateia contemplativa e por isso mesmo admirada. E o tempo mais uma vez se dilata, tal o vislumbrar do horizonte emoldurado. É o olhar que em um só movimento percebe o andar ladino de um cachorro ambientado, varre expressões e enxerga nelas um agrado, no momento exato que se vê em certa delícia. Naquelas céleres duas horas e meia, a percepção de estar diante do que o sábio professor apontou como o que de melhor existe na academia, que em meio à aceleração do tempo, por vezes esquecemos: o prazer da "gratuidade" do debate[2].

Afinal, acabo por perceber que uma possível relatividade temporal pode estar ligada ao afeto, da qual se referiu o aluno ao questionar a possibilidade afetiva na relação com as mídias. E penso que estar ou sentir-se afetado admite também o sentido de ser atingido. Uma relação que faz o corpo mexer, tal a toada repetida ao infinito, a tremura das mãos no momento da exposição, o aperto no estômago nas intermináveis noites de insônia. Afetação que precede a ação. Na relação com as mídias (ou, dizem alguns, por causa delas) o tempo corre. Mas se ali o tempo incide, também com elas o corpo responde, participa. E só pude percebê-lo porque vivi. E vivendo, senti, conheci.

“À medida que ocorrem alterações no seu corpo, você fica sabendo de sua existência e pode acompanhar continuamente sua evolução. Apercebe-se de mudanças no estado corporal e segue seu desenrolar durante segundos ou minutos. Esse processo de acompanhamento contínuo, essa experiência do que o corpo está fazendo enquanto pensamentos sobre conteúdos específicos continuam a desenrolar-se, é a essência daquilo que chamo sentimento.” (DAMÁSIO, 2012, p. 140)


Uma das "salas" do Messa



[1] Seminário de Linguagens, Mídias e Educação, 6 a 10/05, UFPR Litoral. Mesa realizada no dia 09 com a participação de Lyana de Miranda, Rodrigo Ferrari e Gilson Cruz, sob a acolhida e coordenação de Fábio Messa.

[2] Fala de Paulo Fenterseifer, em aula realizada em abril de 2013, na UFSC.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Dossiê Mídias e Educação - Revista Atos de Pesquisa em Educação/FURB

Aos colegas que acompanham o blog, divulgo a publicação do dossiê "Mídias e Educação", pela Revista Atos de Pesquisa em Educação da FURB, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Educação daquela universidade.
Tratam-se de textos - ensaios, pesquisas e resenhas - que abordam as mídias na educação, a partir das mais diversas perspectivas teóricas e com um conjunto de autores/as das mais diversas regiões brasileiras, com presença de pesquisadora italiana.

Acessem e aproveitem á vontade!
http://proxy.furb.br/ojs/index.php/atosdepesquisa/issue/current/showToc

Os orgnizadores,
Cristiano Mezzaroba
Fabio Zoboli
Sergio Dorenski