"UM DOMINGO QUALQUER E UMA INSTITUIÇÃO
CHAMADA ESPORTE"
Caio
dos Santos e Ribeiro
O esporte de alto nível é
sempre visto por seus admiradores como entretenimento e saúde. Este
entendimento percorreu e percorre o cotidiano nas diversas camadas sociais, visto
que na maioria das vezes os atletas aparecem sempre sorrindo e com um físico
invejável.
O que nem sempre mostram (ou
tentam esconder) são os bastidores dos esportes onde estão presente também as
relações política e econômica. Ao repararmos bem, os estádios, ginásios e
pistas de atletismos estão recheados de merchandising
e as emissoras sempre travam disputas para transmitir certos eventos com
exclusividade. É engraçado que estamos tão acostumados a ver propagandas
durante transmissões esportivas que não nos damos conta que estão totalmente
ligadas ao “espetáculo” a que assistimos.
No
filme “Um Domingo Qualquer”, de Oliver Stone, podemos
refletir um pouco sobre a relação Esporte
x Saúde e a relação Jogador/Time x
Patrocinador. No qual chegamos a ver negligências médicas, tanto por parte
dos profissionais de saúde, que escondem a real situação clínica dos atletas,
como por parte dos próprios jogadores que priorizam sempre os prêmios e seus contratos.
Também fica nítido que os dirigentes tratam o time e os jogadores como números
e pouco se importam se o time vence ou não, desde que sempre renda dinheiro a
eles. Torna-se claro que os atletas no filme e também na vida real são tratados
como mercadorias e como tal têm prazo de validade.
É muito comum ouvir a frase
“esporte é saúde”, embora para quem o pratica profissionalmente essa falácia acaba
sendo uma inverdade. A maioria dos esportistas são obrigados a mudar
radicalmente de hábitos, tanto na alimentação quanto na administração do seu
tempo. A maioria deles são expostos a treinamentos desgastantes e até mutiladores.
Muitas vezes passam mais tempo treinando do que aproveitando a sua infância
(boa parte dos esportes de rendimento exige dedicação integral – trabalho -
desde muito cedo). Esses mesmo atletas abrem mão também de um maior tempo de
recuperação, nos casos de contusões, para não perderem competições ou para
atender exigências de contratos e/ou patrocinadores.
Ao pararmos para refletir sobre
o esporte como um todo, e analisarmos fatos que ocorreram e que ocorrem
continuamente perceberemos que a instituição “esporte” é muito mais que um
jogo, ou uma disputa por um troféu. As relações de times com governos, de
patrocinadores com jogadores e empresários são muito mais complexas do que
parecem ser. Os incontáveis números de doping,
as contusões não tratadas corretamente, as rotinas desumanas, as desigualdades
e escândalos. Tudo isso maquiado de espetáculos esportivos, de estádios,
ginásios, pistas de atletismos e academias cheias, de hinos cantados com fervor
e de torcidas apaixonadas.