Caros colegas, segue abaixo mais uma análise da mídia feita por estudantes da disciplina de Mídia e Educação Física da UFSJ.
Arthur Zanetti e Jogos Olímpicos: Os (des) investimentos na Ginástica Artística
Por: Giselle Resende, Isabela Flausino, Marcos Vinícius Ávila, Scheila Albano, Diego Henrique
Nos Jogos Olímpicos de 2012, realizado em
Londres, o Brasil se destacou em algumas modalidades. Uma grande surpresa foi a
medalha de ouro ganha por Arthur Zanetti, na modalidade de Ginástica Artística,
nas argolas. Assim, o atleta entrou para a história brasileira por tratar-se da
primeira medalha de ouro ganha nessa modalidade.
Na época, Arthur Zanetti, que antes era um
desconhecido, passou a ter espaço em vários veículos midiáticos. Seu histórico
de ginasta, sua rotina de treinos, fatos sobre seu treinador foram evidenciados
durante várias semanas em programas de TV, internet, revistas, etc. Ficaram
claras questões como as condições precárias de treinamento de Zanetti, muitas
vezes por falta de investimento. Enfatizaram também a grande capacidade de
superação por parte do atleta e seu técnico dos limites impostos. Em meio a
isso deveria ser (?) esperado que as condições de Zanetti melhorassem, seja no
sentido de valorização do próprio atleta e da modalidade no Brasil.
Agora no ano 2013 o ginasta não figura mais
nos meios de comunicação como antes. No mês de Janeiro do mesmo ano foi
divulgado no site da UOL uma matéria intitulada: “Arthur Zanetti reclama de condições ruins de
trabalho e ameaça deixar seleção se técnico não renovar”. Na matéria é relatado que após as olimpíadas
as condições do atleta continuam idênticas, além da falta de patrocinadores e de
melhorias na infraestrutura nos locais de treinamento e, ainda, o contrato de seu treinador (Marcos
Goto, que o treina há 15 anos) até então não havia sido renovado pela
Confederação Brasileira de Ginástica. Vale ressaltar que ainda no ano de 2012 o treinador Marcos Goto foi
eleito, juntamente com o técnico José Roberto Guimarães, o melhor
técnico de 2012 pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro). (veja
notícia aqui)
O blogueiro Alberto Murray Olímpico (do blog sobre o Movimento Olímpico) em uma das publicações direcionadas
a essa matéria
do site UOL, afirma que: “O melhor que
Arthur Zanetti e seu técnico teriam a fazer seria ir embora do Brasil, viver em
algum lugar aonde pudessem encontrar excelentes condições de treinamento e
concentrados em manter o bom trabalho que vêm fazendo”.
Nesse
contexto, Arthur Zanetti é apenas um exemplo dos inúmeros casos de
desvalorização dos esportes que não possuem caráter hegemônico no Brasil pela mídia, esportes
que sem o mesmo reconhecimento são marcados pela falta de investimento e destaque.
Percebemos uma mudança expressiva na
divulgação midiática a respeito desse atleta, que, primeiramente foi colocado
em foco com sua vitória e a medalha olímpica inédita na categoria. Num segundo
instante, o atleta entra em esquecimento nos grandes veículos midiáticos, até
que é feito uma pequena reportagem na TV e, posteriormente, publicada em site
da internet (UOL), informando as condições atuais do campeão olímpico sem apoio
financeiro e estrutural.
Percebemos o poder das mídias em difundir noticias,
definindo para o público o que é ou não importante segundo seus critérios e
interesses.
A partir dessas reflexões e constatações
surgem inúmeras indagações a respeito do investimento em atletas por parte da mídia,
do valor de uma medalha olímpica e da própria ginástica e sua difusão no Brasil.