Colegas do blog!
Segue texto dos acadêmicos/a Eduardo, Álax, Gabriel, Suely e Flávio!
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A partir das definições feitas pelos alunos
da disciplina Educação Física, Esporte e Mídia, ministrada Pelo Prof. Msc.
Cristiano Mezzaroba, sobre a sociedade do
espetáculo, pretendemos aqui trazer algumas questões sobre este conceito,
ampliando o olhar sobre o esporte, a partir de considerações feitas nas
discussões em sala de aula.
Do
conceito de “sociedade do espetáculo”, às modificações no UFC (Ultimate
Fighting Championship) com a mídia em pauta: as descontinuidades presentes nos
esportes e o seu discurso contraditório.
Partindo das
definições dos acadêmicos da Educação Física (EF) da Universidade Federal de
Sergipe (UFS), tentaremos chegar aqui ao consenso
dos conceitos apresentados sobre a Sociedade
do espetáculo, cunhado por Guy Debord na década de 60. Em seguida faremos uma
breve apresentação das possíveis contradições presentes no discurso midiático
sobre o esporte e as contribuições do espetáculo para tal discurso.
Nas discussões iniciadas com a leitura do
texto de Douglas Kellner, “A cultura da mídia
e o triunfo do espetáculo”, foram apontados durante as aulas elementos que
caracterizam o espetáculo. Considerando que as discussões pautaram-se mais nas
questões esportivas e a forma como a espetacularização faz com que os esportes
perpassem as fronteiras sócio-culturais, apresentaremos aqui as definições
conforme as aproximações com os textos já tratados na disciplina.
Todos os grupos
definiram este conceito a partir do que diz Kellner (2004, p.5):
espetáculos são aqueles fenômenos de
cultura da mídia que representam os
valores básicos da sociedade contemporânea, determinam o comportamento dos
indivíduos e dramatizam suas controvérsias e lutas, tanto quanto seus modelos para a solução de conflitos. Eles
incluem extravagâncias da mídia, eventos
esportivos, fatos políticos e acontecimentos que chamam muito a atenção, os
quais denominamos notícia – fenômenos que têm se submetido à lógica do
espetáculo e à compactação na era do sensacionalismo
da mídia, dos escândalos políticos e contestações,
simulando uma guerra cultural sem
fim. (Grifos nossos)
Observando que todos
concordaram com os apontamentos de Kellner (2004) sobre o espetáculo,
pretendemos agora exemplificar algumas contradições no discurso esportivo que
tentam naturalizar os fatos, bem
como, se utilizam do seu discurso para estabelecer relações anacrônicas descontextualizando
o esporte.
Por que não
prestarmos atenção às comparações feitas pela mídia sobre a prática esportiva e
o contexto social? Os sensacionalismos da mídia com relação aos fenômenos
sociais são passiveis de discussão e devemos pelo menos
fazer essas discussões no contexto acadêmico. Entender o processo como o esporte
veio e vem se estabelecendo no contexto social, talvez seja a melhor forma de
conseguir desmistificar algumas questões trazidas pela mídia sobre o âmbito
esportivo.
Aproveitando e
fazendo a relação com as primeiras discussões trazidas na aula sobre o espetáculo, mais especificamente sobre o
espetáculo no contexto esportivo, utilizaremos aqui alguns apontamentos feitos sobre
o evento UFC e o discurso que a mídia faz a partir dele, porém as discussões apresentadas
aqui não se restringem apenas a um olhar sobre este evento. Sendo possível
assim, enxergarmos o esporte como um todo a partir das questões aqui apontadas.
As questões
estruturais são as mais percebidas, em comparação com o início do evento quando
se tinha um mesmo plano para que os espectadores assistissem os eventos,
verificamos que hoje não é mais da mesma maneira. Os locais onde ocorrem os
eventos foram completamente modificados, atendendo às expectativas da mídia,
que com suas sofisticações tecnológicas, fez com que este evento se
modificasse. Atendendo às exigências midiáticas e partindo para a lógica do
espetáculo, o UFC, que no início foi criticado por autoridades públicas, ao
adotar características de outros eventos da mídia passou a ser reconhecido de
forma diferente. O evento fez projetos que aderiram aos mecanismos
publicitários, e dessa forma conseguiu se tornar mais um produto da mídia. Dessa forma, passou a ser visto como os outros
“esportes”, já que este agora seria a partir da mídia, levado à sociedade de
maneira diferenciada, onde as críticas são camufladas por discursos persuasivos
que conforme Betti (2002) foca nas emoções dos expectadores e telespectadores e
não na razão.
Adentrando as
características percebidas, observamos a sobrevalorização
da forma em relação ao conteúdo e a falação
esportiva como características mais presentes nos esportes da mídia,
conforme cita Betti (2002). Não diferente ocorreu com o UFC, este ao priorizar
os mecanismos tecnológicos, valorizando a imagem, bem como a linguagem
audiovisual, vem principalmente pelo discurso televisivo se estabelecendo no
contexto social. Agora a nova “febre nacional”, sendo até citado por alguns
como a segunda prática mais famosa, perdendo apenas para o futebol, ou seja,
cresce sem que sejam feitos questionamentos.
Portanto,
considerando os questionamentos amplos que se estendem a todos os esportes,
tentaremos agora olhar para estes, de forma mais abrangente. Será que o esporte
hoje é evolução das antigas práticas? Será que o papel social do atleta é o
mesmo de outrora? O discurso da mídia fazendo relações com as antigas práticas
deixa claro toda essa “evolução” do esporte? Será que o esporte é e sempre foi
uma prática acessível a todos? Podemos realmente fazer relações dos
atletas/lutadores do UFC, como os gladiadores, considerando esses novos como os
“gladiadores do novo milênio”?
Acreditamos que não,
não podemos afirmar nenhuma dessas perguntas, do mesmo modo que não poderemos
aqui trazer um ponto de vista que negue tudo isso, fazendo apenas críticas sem
esclarecer os fatos. Porém, podemos sim, trazer a essa discussão elementos
teóricos considerando o esporte no contexto histórico-social, relacionando
características, discursos e questões históricas, econômicas, políticas e
culturais, entre outras, que possam ampliar
o olhar para o esporte.
Sendo assim, devemos
perceber que as práticas esportivas eram práticas de classe. Se direcionarmos
nossos olhares para o contexto da Inglaterra onde o que consideramos hoje esporte
surge, perceberemos que é em meio ao processo de industrialização da sociedade
que o esporte passa a abranger outras classes sociais. Anterior a isso, era
apenas os sujeitos ligados à nobreza que tinham direito às práticas e, é a
partir de tal processo que o esporte, estabelecendo um caráter funcionalista
atendendo os interesses da sociedade na época, passa a ser acessível a outros
grupos sociais. Seguindo o raciocínio, queremos dizer também que este é
considerado descontínuo
principalmente por suas características advindas da modernidade. Então fazer
relações entre as antigas práticas é uma forma de descontextualizá-lo, já que
este não era praticado da mesma forma por sujeitos de épocas distintas.
Os antigos
gladiadores, diferente dos lutadores de MMA (Mixed Martial Arts/ Artes Marciais
Mistas), eram escravos, então não podemos simplesmente classificá-los da mesma forma.
Porém, podemos a partir disso pensar se há ou não uma tentativa da mídia em se
apropriar da lógica do “pão e circo” para o entretenimento da sociedade.
Dando continuidade,
podemos pensar em outras questões presentes no contexto esportivo atual. Esclarecendo
que antigamente não existiam quantificações dos resultados, busca por recordes,
especialização de papeis entre outras características que observamos hoje no esporte espetecularizado. O esporte nos
dias atuais, com o auxílio da mídia, busca reproduzir as desigualdades
presentes no contexto social, a mídia passa a sensação de que todos são
“iguais”, vemos isso durante uma partida de futebol onde os dois times começam
no zero a zero, ou então numa prova de atletismo onde todos largam e correm
juntos; tem espaços e tempos próprios a exemplo dos ginásios, pistas e
estádios, além de possuir regras uniformes que permite universalizar a sua prática.
O esporte também
torna o esportista um novo tipo de trabalhador conforme afirma Jean-Marie Brohm
ao falar sobre as vinte teses sobre o esporte, tal esportista é considerado um
homem que atende aos mecanismos publicitários. Seguindo com as afirmações desse
autor, vimos que o além de esconder as desigualdades sociais, o esporte cria
uma falsa ilusão de ascensão social. Será que isso é verdade? É possível que
todos ao praticar esportes buscando o sucesso, conseguirão o que desejam?
Acreditamos que essa nova sociedade espetecularizada nos faz
cair nessa possível contradição, principalmente se considerarmos a forma
atraente como a mídia traz alguns conteúdos. No caso do esporte observamos uma
relação recíproca, onde o esporte alimenta o espetáculo comercializando
principalmente mercadorias humanas explorando ao máximo destas mercadorias
(direitos de imagem, padrões de vestimenta entre outras coisas).