domingo, 23 de março de 2014

FIFA LANÇA CARTILHA PARA TURISTAS: " BRASIL PARA INICIANTES "


Caros colegas do blog, 
Segue abaixo postagem referente à reflexões acerca de matéria publicada por revista da FIFA, a "FIFA Weekly", onde a entidade lança cartilha para turistas que vierem à copa no Brasil. Leiam, reflitam a respeito e deixem seus comentários.

    


 FIFA LANÇA CARTILHA PARA TURISTAS: "BRASIL PARA INICIANTES"



Em Reportagem do final do mês de Março, a FIFA Weekly, revista semanal da entidade lançou cartilha para turistas que desejam vir à copa no Brasil. Nesta cartilha, os futuros turistas são alertados sobre como se portar no país da copa, além de, advertir sobre formas de convívio e relacionamento com os brasileiros.
Com título “Brasil para principiantes”, a reportagem alerta aos turistas com precauções em relação ao período que irão passar no Brasil. Filas, contato físico, topless, paciência, são alguns dos tópicos tratados na cartilha. Os pontos da cartilha trazem uma visão preconceituosa a respeito do Brasil, tratando os populares como mal educados. Notamos com isso, que na cartilha há uma generalização comportamental dos brasileiros. Confira a seguir a cartilha com as instruções aos turistas.
1.      Sim nem sempre significa sim
     Os brasileiros são otimistas e nunca começam uma frase com a palavra "não". Para eles, "sim" significa na realidade “talvez”. Quando disserem "Sim, eu te ligo", é melhor que não espere que o telefone toque nos próximos cinco minutos.

2.       Horário flexível
     A pontualidade é um conceito muito flexível no Brasil. Quando marcar com alguém, ninguém espera que estará no lugar combinado na hora exata. O normal é contar com uns 15 minutos de atraso.

3.      Contato físico
      Os brasileiros e as brasileiras não estão familiarizados com o costume da Europa de manter distância como norma de cortesia e conduta. Eles falam com as mãos e não evitam de tocar o interlocutor. Isso pode facilmente se transformar em um beijo se a conversa estiver ocorrendo em uma discoteca, por exemplo.

4.       Fazer fila
      A paciência na hora de esperar não é uma das principais virtudes dos brasileiros. Por exemplo, não existe uma "fila mecânica" como na Inglaterra. Os brasileiros preferem ser inteligentes, sempre se arranjando para chegar na frente.


5.      Moderação
      Quem se animar a ir a uma churrascaria deverá praticar jejum de 12 horas e maneirar na hora de comer, já que as melhores carnes chegam na parte final.


6.       A lei do mais forte
       A regra que dá direito à preferência dos carros no trânsito é simples: o veículo maior passa na frente.


7.       Proibido fazer topless
    A imagem das mulheres com pouca roupa, tão típica no carnaval, pode ser enganosa e é diferente da realidade. É certo que os biquínis brasileiros têm menos pano que os europeus, mas as brasileiras nunca os tiram na praia, onde fazer topless é proibido e pode resultar em prisão.

8.       A língua espanhola não vale
    Os turistas que tentarem se comunicar em espanhol terão a sensação de estar falando com as paredes. A língua nacional do país é o "brasileiro", uma variável do português. Quem falar que Buenos Aires é a capital do Brasil, pode estar seguro de que será deportado imediatamente.


9.       Experimentar o 'açaí'
   As bacias da Amazônia fazem maravilhas: previnem as rugas e têm o mesmo efeito de uma bebida energética. Algumas mordidas podem recuperar o jogador de futebol mais cansado.


10.   Paciência
     No Brasil é muito comum fazer as coisas no último minuto. A recomendação aos turistas é que tenham muita paciência. No final, tudo estará pronto a tempo. Isso pode ser aplicado aos estádios. A filosofia dos brasileiros na vida pode ser resumida com a seguinte frase: "relaxa e aproveita."


Após má repercussão da reportagem, a FIFA retirou a matéria do ar. Neste sentido, podemos notar como aspectos esportivos que evolvem megaeventos estão diretamente ligados a politica, economia, relações internacionais, cultura e etc. Assim, fica evidente  como os discursos políticos giram em torno dos aspectos positivos dos megaeventos, tal como legado da Imagem do Brasil tratado no livro “Legados dos megaeventos esportivos”, uma org. que traz no corpo do texto algumas questões relacionadas aos megaeventos no Brasil. Os legados da imagem do Brasil, tratados no livro dão conta de aspectos como: “projeção da imagem do país; projeção da imagem da cidade-sede dentro e fora do país, considerada como cultura urbana; projeção de oportunidades econômicas e de serviços que o país poderá oferecer; nacionalismo e confiança cívica, bem como o orgulho regional e nacional”(DACOSTA et al., 2008, p.49).  No entanto o que se vê, dentro e fora do país, são críticas relacionadas ao comportamento cultural brasileiro, além de outros aspectos tais como andamento das obras, violência, transporte público/ mobilidade urbana, gastos. Assim, é de conhecimento de todos que a FIFA – entidade organizadora da copa do mundo – vem fazendo duras críticas ao Brasil em relação ao andamento dos estádios, e construções de aeroportos, transporte público e mobilidade, assim não é de se estranhar mais este ataque que a entidade faz ao país sede. Destarte, ficam as reflexões acerca da imagem do Brasil para os turistas que aqui vierem, a considerar esta cartilha e outras que possam surgir até o final da copa aqui no Brasil.


Revista FIFA(reprodução)

terça-feira, 11 de março de 2014

Motrivivência - chamada para seção temática: 10 anos de diretrizes curriculares...

A revista Motrivivência está divulgando uma chamada de artigos para compor a Seção Temática da edição n. 43, com previsão de publicação em dezembro/2014.
Tema: 10 anos das diretrizes curriculares para os cursos de formação de professores e de bacharéis em Educação Física. O que mudou? No que avançamos? Que limites persistem? É possível ir além? O que ainda é preciso fazer? Que embates permanecem?
Submissão: até 30/julho/2014
Ementa: Nos primeiros anos da década passada, foram editadas as Resoluções do CNE nº 01/2002 e 07/2004, que definem, respectivamente, as diretrizes curriculares para a formação de professores da educação básica (entre esses, os licenciados em Educação Física) e as diretrizes dos cursos de graduação (bacharelado) em Educação Física. Naquele momento, grandes embates envolvendo o CBCE, o MEEF e o CONFEF tiveram lugar sob os auspícios do MEC e CNE. Para alguns, uma reforma conservadora; para outros, o avanço possível; para outros mais, a conquista de espaços... E hoje? Passados os primeiros dez anos da definição dessas diretrizes, como os currículos dos cursos de Educação Física as interpretaram e implementaram em seu cotidiano? Quais são os concretos e possíveis avanços? Quais as repercussões destes no cotidiano da Educação Física escolar no ponto de vista do processo ensino-aprendizagem? O que dizem as pesquisas curriculares sobre as consequências das mudanças realizadas? Como os novos perfis profissionais estão sendo buscados e qual sua absorção pelo campo profissional? O que ainda precisa ser feito para a formação de professores e bacharéis mais competentes e críticos, sobretudo do ponto de vista das relações entre teoria e prática? Revisões das diretrizes curriculares são necessárias? Consideramos relevante pensarmos a formação que vimos promovendo nestes últimos dez anos, sob o impacto das novas diretrizes curriculares. Este é o convite que a editoria da Motrivivência faz aos pesquisadores da área para compor sua próxima seção temática.  Aguardamos suas contribuições. São todos muito bem-vindos.

domingo, 9 de março de 2014

O racismo como “habitus”, por Marcos Rolim (Jornalista)

Colegas do blog,
Compartilhando aqui no blog um texto interessante de Marcos Rolim, publicado em Zero Hora!
O esporte sempre mostrando possibilidades para percebermos melhor quem somos nós!
Boa leitura e na esperança de dias melhores...


09 de março de 2014 | N° 17727

ARTIGOS

O racismo como “habitus”, por Marcos Rolim*

Na época da ditadura militar, foi ensinado nas escolas que o Brasil era a maior democracia racial do mundo. A ideologia havia sido formada antes, em outra ditadura, no Estado Novo, já sob o impacto da II Guerra e do nazifascismo. A ideia de que não havia racismo no Brasil era, assim, funcional para projetar nossa imagem em um cenário internacional onde os desdobramentos do racismo e do ódio haviam se tornado evidentes. Os defensores do mito da democracia racial brasileira buscaram argumentos na obra de Gilberto Freyre, talvez o mais influente e prestigiado intelectual em toda nossa história. Tanto quando compreendo Casa Grande & Senzala, não se pode atribuir esta noção a Freyre, embora se saiba que ele próprio a legitimou quando, para infortúnio de sua biografia, apoiou o golpe de 64, denunciou subversivos e manteve cordial relação com os militares. A miscigenação é uma das nossas mais importantes características como nação e parece verdadeiro afirmar que o ódio racial não encontrou entre nós espaços para fenômenos como a Ku Klux Klan ou movimentos de supremacia branca. Não há a menor dúvida, entretanto, que o Brasil é um país racista.

A dificuldade em reconhecer o racismo como um problema central no Brasil deriva do fato de que o tipo de preconceito racial prevalecente em nossa cultura foi recalcado. Todos sabem que o racismo é a expressão de um mal e não há quem sustente sua prática. Entretanto, sempre que brancos ofendem negros, o tema da cor e da etnia emerge em sua linguagem assassina.

Bourdieu explicaria esse tema com o conceito de “habitus”. Para ele, carregamos um sistema de disposições duráveis e, em larga medida, inconscientes, que nos oferece uma matriz de percepções. O processo diz respeito à dinâmica pela qual a sociedade se deposita nos indivíduos – ainda que eles disso não tenham notícia. O resultado é um “filtro” que condiciona nosso olhar sobre o mundo e nossas respostas. No Brasil, temos um “habitus” racista, resultado de três séculos de escravidão. Quando torcedores chamam jogadores e juízes de “macacos”, quando imitam os símios e jogam bananas para os negros, estamos diante de uma matriz histórica pela qual nos identificamos com os capitães do mato e com os feitores. Se perguntados, os agressores não irão se declarar “racistas”. Talvez até acreditem mesmo que não o são e que as ofensas praticadas no estádio de futebol se justifiquem pelo “contexto”.

O contexto verdadeiro, entretanto, é o da vergonha, razão pela qual a postura de pessoas como o árbitro Márcio Chagas e como os jogadores Tinga e Arouca, para citar apenas três vítimas do racismo, deve ser amplamente elogiada. Eles vieram a público para denunciar a imbecilidade e exigir o respeito que todos merecem. Estão com toda a razão. Se aceitarmos esse tipo de prática, o Brasil corre o risco de ser governado por gente como o deputado federal Luis Carlos Heinze (PP) e, então, será tarde demais para quilombolas, índios e homossexuais. A propósito, li que haverá atos “em desagravo” ao deputado. Sugiro Wagner na trilha sonora e marchas com passo de ganso.
*Jornalista
 
http://www.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a4440326.xml&template=3898.dwt&edition=23874&section=1012