terça-feira, 31 de agosto de 2010

JB: as últimas horas de um jornal impresso

Hoje é o último dia do Jornal do Brasil. Em meio aos suspiros derradeiros da centenária versão impressa penso nas lições recebidas na faculdade sobre diagramação, organização visual, ordenação hierárquica de assuntos, aulas nas quais estavam sempre presentes as contribuições gráficas promovidas pelo JB no final da década de 50, encabeçadas por Amílcar de Castro.

As mudanças são mesmo difíceis. Ou será que quando o JB foi redesenhado, trazendo transformações significativas, como por exemplo, a instauração do "L" na primeira página (com uma grande foto ao lado direito e texto em L), que por muito tempo foram ensinadas nas faculdades de jornalismo, a aceitação foi unânime?

Mas, deixemos o saudosismo de lado. Para quem viveu essa época áurea, sugiro que passe das lamentações para a constatação de que a vida é dinâmica, sobretudo no que concerne ao jornalismo. Para quem não viveu (raríssimos são os exemplos de jovens com menos de trinta anos que folheiam, folhearam ou vão folhear um jornal diariamente), não se engane.

Aquela que, outrora, foi uma sediciosa percepção de que a sociedade se tornava cada vez mais visual, tanto quanto, hoje, ela é digital, não representa a mudança que, a partir de amanhã, fará com que o JB seja um jornal apenas em versão on-line. A alteração “forçada” de hoje nada tem em comum com a grande sacada de outros tempos.

Qual a diferença? Agora, o que era astúcia tranformou-se em obrigação, em dever de entender que a velha fómula na veiculação de informações mudou de mãos, e de ingredientes que, hoje, desobriga a formalização e instaura uma nova (já velha) concepção dos meios, das mensagens e, sobretudo, dos mensageiros.

Opa, será que essas mudanças são mesmo frescas ou apenas requentadas?

Imagem by Henfil in Portal Imprensa

domingo, 22 de agosto de 2010

I Seminário Corpos, culturas, história - UFSC

A pedido da colega Lisandra Invernizzi, integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisa Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPQq), segue convite para o I Seminário Corpos, culturas, história:

O Núcleo de Estudos e Pesquisa Educação e Sociedade Contemporânea (UFSC/CNPq), juntamente com o Programa de Pós-graduação em Educação Física, o Centro de Desportos e o Programa de Pós-graduação em Educação da UFSC, com apoio da FAPESC, convidam para o I Seminário Corpos, culturas, história, que se realizará no Auditório do CDS entre os dias 25 e 27 de agosto de 2010. O evento é aberto à comunidade universitária (estudantes de graduação e pós-graduação, professores, funcionários) e as inscrições são gratuitas. Confiram a programação em anexo!
Maiores informações acessem:
http://nucleodeestudosepesquisas.blogspot.com

Sobre Galvão Bueno e seu "poder paralelo"

Apenas reproduzo aqui texto do jornalista Maurício Stycer (UOL), comentando duas entrevistas do Galvão Bueno à "Veja" e à "Folha".

Impressionante o "poder" deste narrador esportivo em pautar temas à população brasileira, culpando ou idolatrando quem lhe convém - à ele e à sua empresa, a Rede Globo.

http://mauriciostycer.blog.uol.com.br/arch2010-08-15_2010-08-21.html

A realidade paralela de Galvão Bueno

Fato raro, Galvão Bueno apareceu em duas longas entrevistas à imprensa neste fim-de-semana. Ouviu a mesma pergunta em ambas: “A Rede Globo manda na seleção brasileira e na CBF?” Na “Veja”, ao editor Fabio Portela, disse: “A Globo nunca mandou em nada”. Na “Folha”, à colunista Mônica Bergamo, falou: “Eu acho até que devia mandar mais. Porque ela paga as contas”.
Sobre Dunga, as respostas de Galvão são ainda mais surpreendentes. A decisão do técnico da seleção brasileira na África do Sul de vetar entrevistas exclusivas a todos os veículos de comunicação foi entendida pelo narrador como “revanchismo” contra a Globo.
À “Folha”, Galvão diz que a decisão do técnico não afetou o ânimo da emissora. “Não quer falar? Não fala. Punido foi o pobre do torcedor brasileiro”. À “Veja”, o narrador reconhece indiretamente que a Globo vetou entrevistas com o técnico depois que ele foi demitido: “Terminado o jogo do Brasil (contra a Holanda), o Dunga virou as costas e se enfiou no vestiário. O meu interesse em entrevistá-lo acabou aí. Ponto”.
É surpreendente que o funcionário com maior salário da Globo – R$ 1 milhão mensais, segundo afirma “Veja” e sugere a “Folha” – desconheça os esforços da sua emissora para entrevistar Dunga e os jogadores da seleção nos 45 dias que permaneceram na África do Sul. Soa a despeito. Assim como os comentários que fez no programa “Central da Copa” logo depois do amistoso entre Brasil e Estados Unidos, há uma semana: “Não dá saudades do Dunga nem da vuvuzela”.
Para dar uma ideia do seu poder, Galvão conta a Mônica Bergamo: “Você já viu alguém dizer não para entrevistar o Lula? Eu disse. A assessoria dele me procurou para fazer um ‘Bem, Amigos’. Quando eu vi, ele ia dar entrevistas para todas as televisões. Eu falei: ‘Obrigado, não quero’.” Isso é prestígio, explica à “Veja”: “Inventaram agora que a Globo teria privilégios para cobrir a seleção. Isso não existe. Agora, se eu, Galvão Bueno, tenho prestígio suficiente para levar um técnico da seleção ao meu programa, o ‘Bem, Amigos’, melhor para mim e para a Globo”.
Na realidade paralela em que vive, Galvão explica nas duas entrevistas que resolveu morar no principado de Mônaco, um paraíso fiscal, para realizar “um sonho”. “É uma coisa de realização, de você fazer aquilo que projetou há 25 anos”, disse à “Folha”. Tinha sete empregados quando morava no Brasil, agora só tem um: “Dois eram seguranças. Um era motorista, O outro era jardineiro. Lá não tem nada disso. A Desiree põe a mesa do jantar, os meninos tiram”.
Foto: Folhapress

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Jogos Olímpicos da Juventude: não deu na Globo!

Vocês certamente sabem que de 14 a 26/8 está acontecendo em Cingapura a 1ª edição dos Jogos Olímpicos da Juventude, com o aval do Comitê Olímpico Internacional. Mas essa informação nós não a vimos na Globo. Exceto a Record News, que transmitiu a abertura, as demais televisões brasileiras não incluíram os jogos em sua programação. Sinal de falta de prestígio do esporte olímpico? Pode ser que não.

Segundo palavras do presidente do COI, Jacques Rogge, na Folha de São Paulo (13/8/2010), esse novo evento olímpico está voltado para os jovens, não apenas aos que competem nas 26 modalidades (algumas não tradicionais, outras modificadas), mas também aos espectadores jovens. E estes serão alcançados, segundo o raciocínio do COI, não pela televisão, mas através de plataformas digitais, como Facebook, You Tube e Twitter.

Parece que estamos diante de uma ação concreta do movimento olímpico em “produzir” consumidores para os esportes tradicionais, usando linguagens mais adequadas à captura dos espectadores jovens. Não que as audiências internacionais estejam caindo ao redor do mundo. Elas estão é envelhecendo... Estudo da NBC, emissora norte-americana que detém os direitos dos Jogos Olímpicos há mais de 20 anos, mostra que entre 1992 (Barcelona) e 2008 (Pequim), o público médio que assiste aos Jogos envelheceu 10 anos, estando hoje na faixa de 48 anos de idade (contra 38, em 1992).

Isso talvez explique a preocupação do COI. Vamos conversar sobre isso?

"Conhecendo"

"O programa Brasil Vale ouro visa a selecionar e preparar atletas de judô,natação e altetismo nas cidades brasileiras onde a Vale atua. É um dos maiores projetos de caça-talentos do País e representa a entrada da Vale no segmento de esportes de alto rendimento. O principal objetivo é ajudar o Brasil a se tornar uma potencia olímpica, deixando para as gerações futuras um legado de conhecimento sistematizado em treinamentos esportivos, em ciência esportiva e na formação de profissionais ligados ao esporte.
O programa funciona dentro das Estações Conhecimento, Núcleos de desenvolvimento humano e Econômico cuja gestão é compartilhada entre a Vale, O poder público e a sociedade civil...

O público-alvo da Estação Conhecimento são crianças e adolescentes entre 6 e 18 anos, que participam de atividades nas areas de esporte, cultura e educação profissional.
Os jovens da Estação Conhecimento que alcançarem índice olímpico nas modalidades de atletismo, natação e judô serão transferidos para o Centro Nacional de Excelencia do programa localizado em Deodoro, no Rio de Janeiro. Lá contarão com apoio financeiro e acompanhamento profissional de equipe multidisciplinar composta por médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, professores de Educação Física e assistentes sociais"
Recentemente assistindo a um jornal vi uma reportagem sobre Estação Conhecimento que me despertou curiosidade. Consultei na web e me impressionei com o conteúdo do site acima, onde explicita a parceria entre o esporte e empresas patrocinadoras "preocupadas" com formação de atletas. Afinal,baseando-se em discurso midiático-liberal, tudo depende do esforço de cada um.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Globo e seleção: ambiguidades...

Confesso que estou tendo algumas dificuldades para entender as novas relações entre Globo e seleção brasileira, estabelecidas após a saída de Dunga.
O nome de Mano Menezes não chegou a ser uma unanimidade no período que antecedeu a sua escolha e mesmo logo após ser anunciado. A Globo só passou a abençoa-la na medida em que saiu, 3 dias depois, a primeira convocação e lá estavam os requisitados Ganso e Neymar.
Bem, estava claro que a CBF tratava de fazer tudo para agradar a Globo: Mano deu a primeira entrevista individual à venus platinada antes de 24 horas após o seu anuncio como novo treinador (impensável na era Dunga). Essa via-crucis marcou os dias até a ida da seleção para os EUA.
Hoje, numa puxa-saquismo inacreditável, os jogadores da seleção entregaram ao Escobar, personagem da briga Dunga x Globo, uma camiseta 10, autografada e personalizada.
Pois bem, tudo isso nao foi suficiente para fazer com que a Globo abrisse uma janela na sua programação de novelas para transmitir o jogo com os EUA. E mais: também não aceitou vender os direitos que detem para a Bandeirantes, fazendo com que a imensa população brasileira que só tem acesso a TV aberta ficasse sem condições de assistir o jogo.
São tortuosos essas caminhos... Observemos, pois!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O primeiro segredo dos Jogos Olímpicos de 2016

Saiu no radar on line de hoje. Será escolhida entre hoje e amanhã, em reunião fechada na sede do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a marca dos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Entre os jurados está Carlos Arthur Nuzman que, como bom "cliente", não poderia deixar de participar.

Acho que o processo de escolha da marca dá uma pista do quão democráticas serão as demais decisões sobre os Jogos.

Veja a notícia, na íntegra, abaixo.

Top Secret olímpico

É hoje, e em clima de sigilo total, que começa o processo de escolha da marca das Olímpiadas 2016. Doze jurados analisarão as propostas de oito agências e, até amanhã, definirão o resultado.

Como a intenção é divulgar o desenho nos céus de Copacabana na noite do réveillon, estará proibida inclusive a entrada de pessoas portando celulares na sede do COB na Barra da Tijuca (RJ). É prioridade não permitir o vazamento de fotos como aconteceu com a logo da Copa 2014, apresentada em julho na África do Sul.

(Atualização às 11h21: Foi divulgada agora pouco a lista de jurados para escolher a marca das Olímpiadas. Além de consultores de marketing e técnicos do COB, prefeitura e governo do Rio de Janeiro, Carlos Arthur Nuzman também participará do processo de escolha).

Por Lauro Jardim

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O PODER DAS MASSAS(?): o Twitter e a possibilidade do interesse popular pautar a mídia

Capa da edição de 13 de junho da Veja
Na semana passada (dia 29/07) me deparei com um texto interessantíssimo de Alexandre Inagaki, colunista da seção "Tecnologia" do site Yahoo!Brasil, denominado "A Trending Tropicalização do Twitter", que recomendo a todos os nossos leitores. O texto trata  de como os "Trending Topics” (ou “TTs”), um recurso do badalado Twitter, que pode ser traduzido como os “tópicos em tendência” ou “tópicos do momento”, foram apropriados de maneira criativa pelos internautas brasileiros. Alguns dos assuntos lançados pelos brasucas ganharam repercussão nacional e internacional, como o caso do tópico "Cala a Boca Galvão"- que rendeu até matéria de capa em uma das principais revistas do país. Segundo Inagaki, "Desde que o Twitter implementou o recurso dos Trending Topics, em abril de 2009, eles acabaram por se tornar parâmetro de popularidade. Se uma música, uma personalidade ou um assunto do momento emplacou os TTs, é porque de alguma maneira ganhou seus 15 bytes de fama no microblog."
Três coisas me chamam muito atenção e, creio, merecem pesquisas no campo da Mídia e Educação Física. Primeiro, boa parte dos tópicos lançandos pelos brasileiros e que "bombam" nos TTs, são referentes ao esporte, especialmente ao universo do futebol. Segundo, o TTs são considerados uma forma de agendamento pela net, uma vez as empresas sugerem temas com campanhas publicitárias e promoções, ou mesmo lançam assuntos que "devem" ganhar destaque em meio à população. Aqui reside a maior crítica aos TTs. Mas, insisto, a voz de vários brasileiros se tornaram pauta na mídia tradicional graças à ferramenta, inegável. Um TTs sobre a aprovação do projeto de lei Ficha Limpa permitiu que vários brasileiros gritassem por essa pauta. Quantos gritos poderíamos entoar? Mesmo que esses tópicos não chegassem à mídia tradicional, eles valem por navegar com tais anseios pela vastidão dos mares da internet. Romantismo? Quem sabe? Mas penso que essa seja outra possibilidade para explorarmos em nossas incursões com a Mídia-Educação (Física) nas escolas. Afinal,  se o tal Santo Graal do Twitter não é  mais astuto que a Indústria Cultural (precisamente por ser parte dela), é também uma ferramenta que possibilita um antagonismo imenso no enfrentamento dos monopólios das falas midiáticas. E haverá educação para emancipação sem o enfretamento de antagonismos?