domingo, 22 de agosto de 2010

Sobre Galvão Bueno e seu "poder paralelo"

Apenas reproduzo aqui texto do jornalista Maurício Stycer (UOL), comentando duas entrevistas do Galvão Bueno à "Veja" e à "Folha".

Impressionante o "poder" deste narrador esportivo em pautar temas à população brasileira, culpando ou idolatrando quem lhe convém - à ele e à sua empresa, a Rede Globo.

http://mauriciostycer.blog.uol.com.br/arch2010-08-15_2010-08-21.html

A realidade paralela de Galvão Bueno

Fato raro, Galvão Bueno apareceu em duas longas entrevistas à imprensa neste fim-de-semana. Ouviu a mesma pergunta em ambas: “A Rede Globo manda na seleção brasileira e na CBF?” Na “Veja”, ao editor Fabio Portela, disse: “A Globo nunca mandou em nada”. Na “Folha”, à colunista Mônica Bergamo, falou: “Eu acho até que devia mandar mais. Porque ela paga as contas”.
Sobre Dunga, as respostas de Galvão são ainda mais surpreendentes. A decisão do técnico da seleção brasileira na África do Sul de vetar entrevistas exclusivas a todos os veículos de comunicação foi entendida pelo narrador como “revanchismo” contra a Globo.
À “Folha”, Galvão diz que a decisão do técnico não afetou o ânimo da emissora. “Não quer falar? Não fala. Punido foi o pobre do torcedor brasileiro”. À “Veja”, o narrador reconhece indiretamente que a Globo vetou entrevistas com o técnico depois que ele foi demitido: “Terminado o jogo do Brasil (contra a Holanda), o Dunga virou as costas e se enfiou no vestiário. O meu interesse em entrevistá-lo acabou aí. Ponto”.
É surpreendente que o funcionário com maior salário da Globo – R$ 1 milhão mensais, segundo afirma “Veja” e sugere a “Folha” – desconheça os esforços da sua emissora para entrevistar Dunga e os jogadores da seleção nos 45 dias que permaneceram na África do Sul. Soa a despeito. Assim como os comentários que fez no programa “Central da Copa” logo depois do amistoso entre Brasil e Estados Unidos, há uma semana: “Não dá saudades do Dunga nem da vuvuzela”.
Para dar uma ideia do seu poder, Galvão conta a Mônica Bergamo: “Você já viu alguém dizer não para entrevistar o Lula? Eu disse. A assessoria dele me procurou para fazer um ‘Bem, Amigos’. Quando eu vi, ele ia dar entrevistas para todas as televisões. Eu falei: ‘Obrigado, não quero’.” Isso é prestígio, explica à “Veja”: “Inventaram agora que a Globo teria privilégios para cobrir a seleção. Isso não existe. Agora, se eu, Galvão Bueno, tenho prestígio suficiente para levar um técnico da seleção ao meu programa, o ‘Bem, Amigos’, melhor para mim e para a Globo”.
Na realidade paralela em que vive, Galvão explica nas duas entrevistas que resolveu morar no principado de Mônaco, um paraíso fiscal, para realizar “um sonho”. “É uma coisa de realização, de você fazer aquilo que projetou há 25 anos”, disse à “Folha”. Tinha sete empregados quando morava no Brasil, agora só tem um: “Dois eram seguranças. Um era motorista, O outro era jardineiro. Lá não tem nada disso. A Desiree põe a mesa do jantar, os meninos tiram”.
Foto: Folhapress

Nenhum comentário: