BULIMIA DISCURSIVA
FÁBIO MESSA
Manobras verbais são ardilosas
Fincam-se alusões, menções e presságios...
Tesões ingênuos materializam enunciados
Palavra-doce se transforma em palavra-projétil
Geram reverberações oportunistas helicoidais
Avalanches comunicativas desagregam
Inferências convenientemente realizadas
Movimentos auto sugestivos
Decisões arbitrárias...
Assompram-se diversos intertextos
Interditos frequentemente despejados
Exaustivas referências e notas de rodapé
Subestimam capacidades
Mascaram erudições
Tudo faz volume no lixo fractal das redes sociais
Há de se ter tempo pra isso...
E no limbo do não dito
Prolifera o mais do mesmo...
Aponta-se o inimigo
Ausentando-se do duelo
Remota técnica de persuasão
Ruminam-se os discursos uns dos outros
Fagocitam autopastos
Emplastos, embustes...
Melindram-se em nomear termos exatos
Poupando temores recolhidos
Restam ranços passionais, personalizados...
Dispersa-se, portanto, a massa amorfa
Anônima e homogênea
Numa quase psicologia nazi-fascista
Teme-se a ignorância coletiva
Que jaz lavada cerebralmente
Uma ameaça de execução sumária!
2 comentários:
pessoal, em primeiro lugar desculpem-me pela ausência nos últimos tempos, mas o hell-raiser volta pra imprimir este poema, que sintetiza o fluxo das lutas retóricas travadas no setor da universidade em que trabalho, em função das eleições para a direção.
Nunca participei do engodo, só fiquei na platéia assistindo aos degladeios todos, pois a cada dia que lia algo novo, lembrava só do Macunaíma quando dizia: "Ai, que preguiça!!!" abração a todos
Grande Fabio,
Excelente! Sobretudo a decisão de só "observar", nessa cumbuca macaco velho não mete a mão!
Valeu!
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