domingo, 28 de outubro de 2012

"The Voice"...Brasil?

Olá caros colegas observadores!

Pude observar nas redes sociais nos últimos dias, muitos usuários comentando sobre este novo programa da TV Globo, porém não havia assistido. Então resolvi assistir o programa para ver o que era e o porquê de tanto sucesso. E o que vi foi uma esportivização dos programas de calouros, decepcionante! Chacrinha deve estar revirando em seu túmulo.

Pra começar o programa é apresentado por Tiago Leifert, o revolucionário dos programas esportivos da Rede Globo, onde os participantes devem participar de DUELOS musicais que me lembram muito minha infância quando jogava jogos de luta como Street Figther ou Mortal Kombat no meu Super Nintendo. Os mesmos acontecem em cima de um palco montado na forma de um RINGUE, portanto não ficaria surpreso se os participantes tivessem que cantar segurando o microfone com um par de luvas de boxe nas mãos. 

Mais um produto da "americanização" da TV brasileira e que vem pra acabar com a cultura dos shows de calouros. Não ficarei surpreso caso no último programa o Anderson Silva seja o jurado do programa. Deprimente!

Continuemos observando.


5 comentários:

Anônimo disse...

Vejo que quem assina este texto é um observador que não observa muito, ou pelo menos nãom se dá ao trabalho de pesquisar. Sr Moacir, o programa faz sucesso pq na 1ª fase(que vc não se deu ao trabalho de assistir), os jurados julgavam apenas com base na voz dos "calouros", de costas para os calouros, e em geral os que foram classificados possuem um nível técnico vocal e uma interpretação acima da média de quelquer outro programa musical. Acho legítimo um programa em que conta mais o nível musical do que qualquer outra coisa. Mesmo nesta fase do palco no formato de um "ringue" as apresentações são de alto nível, os arranjos são ótimos. Por favor, "esportivização" dos programas de calouros pelo fat do palco ser no formato de um ringue? Nos poupe!

Sergio Dorenski disse...

Olá Pessoas..., no meu ponto de vista - e ai tentando estabelecer um diálogo com o Anônimo - acredito que o termo esportivização não seja tão absurdo colocado pelo Moacir. Primeiro, por que entendi que a questão principal é a transformação de certas práticas corporais em esporte institucionalizado, como foi com as danças, as lutas, os jogos, a capoeira, entre outros..., uma atividade que se torna esporte. Por que não atingir a música? Ao pegarmos as características do esporte (instituição – aqui vale ver a obra de Valter Bracht “Sociologia Crítica do Esporte”), advindas da sua paridade com a sociedade – capitalista – inglesa do final do sec. XVIII e início do XIX perceberemos o quanto o tal programa está cumprindo o papel de esportivizar a música (rendimento físico técnico, racionalização, competição, pseudo igualdade de chances, local próprio para a prática – mediatizada pelo tal programa - estabelecimentos de regras – mesmo que esdrúxulas, no caso do tal programa - entre outras que apontam para um processo esportivizante...institucionalizado!
Acredito muito pouco, muito pouco mesmo, que eles - \Sir Leifert, e equipe global – estejam preocupados com a música ou algo assim, a experiência já toca a minha porta e esclarece que o interesse é o quanto ($) eles poderão arrecadar como o programa. Como foi com o tal BBB, e sempre pega uma sociedade como nossa, com pouco esclarecimento e consegue que uma porcaria como esta (BBB) se repita por tantos anos. Sabemos que existem muitos talentos, excelentes artistas, cantores, etc, pelo Brasil, mas, que não aparecem na grande mídia, devido a sua história de vida, suas condições econômicas, sociais etc... a não ser que sirva de cabide para as pretensões globais.
Por fim, como sou avesso a tudo que a plim plim expõe, este tal programa também não me cativou, parece-me ser uma versão remixada do programa de Raul Gil, por sinal, mais autêntico.
Eu Sou Sérgio Dorenski

Moacir Prado disse...

Sr. Anônimo...
Assim como o companheiro observador Dorenski, também não sou fã de programas "inovadores" feitos pela Plim-Plim.
O fato dos participantes serem escolhidos pelo seu talento musical, é o mínimo a ser feito pelo programa, e pelo pouco que vi até então já gerou polêmica.
E outro ponto a ser ressaltado, não estou criticando o programa pela forma de escolher os seus participantes, até porque um programa no qual Ed Mota é "ajudante" de Cláudia Leite e Preta Gil dá conselhos sobre música já não me passa muita credibilidade.

Sinto muito se minha observação não te agradou, realmente não me dei o "luxo" de assistir a primeira fase. Porém acredito que mesmo discordando da minha postagem (assinada), o Sr. irá observar melhor estes mesmos detalhes.

E acredito muito que o termo esportivização se enquadra bem neste programa em que talentosos porém desconhecidos (ou não) músicos se enfrentam em ringues com chamadas feitas da mesma forma que o UFC.


Diego S. Mendes disse...

Olá pessoal, gostaria de me inscrever no debate observando que a esportivização de várias práticas sociais, entre eles os festivais de música (por que não?,) me parece uma característica de um mundo globalizado sob a lógica da mercadoria e da padronização cultural. Ora, a observação do autor me parece ser mais profunda do que apenas a consideração do "ringue". O fato é que diversos elementos simbólicos antes atribuídos apenas as práticas esportivas - muito bem descrito por Dorenski -, agora passam a fazer parte de tudo, inclusive dos festivais e práticas artísticas. Como dito acima, vejamos os concursos de dança e agora de contores das TV's. Poderíamos também pensar em um paralelo entre os festivais de musica brasileira da década de 1960 e os shows que temos agora. É nítido como elementos simbólicos do campo esportivo midiatizado passam a compor o universo das práticas artísticas. Em um texto publicado por Bittencourt (2005), o autor analisa como as metaforas do esporte são empregadas até na cobertura jornalística da guerra do Iraque. Por fim, em um mundo em que e tudo é possível sob o rótulo "esporte" - pole dance, tai chi chuan, etc. Seria essa analogia um completo absurdo?

Silvan Menezes disse...

Concordo em gênero, número e grau com o que os companheiros Moacir, Sérgio e Diego apontaram. O fato é que não dá para dar credibilidade a emissora de tv, que na verdade, antes de tudo é uma empresa privada e possui interesses meramente econômicos, ou seja, visa única e exclusivamente o lucro, o retorno financeiro. Não só por isso, mas também por alguns outros fatores que compõem a sistemática do próprio programa.
Acompanhei algumas edições do programa quando começou a ser apresentado e de início me perguntei: Como aconteceu a seleção inicial para escolher essa meia dúzia de cantores que chegaram a fase da "escuta as cegas" com os jurados Lulu Santos, Carlinhos Brown, Claudia Leitte e Daniel? Quem foram os jurados nessa primeira seleção "nacional"? Nessa fase preliminar foram feitas escutas as cegas também ou foi uma seleção a "vista dos empresários"?
Em seguida sobre a fase de "Duelos", faço novos questionamentos: São os técnicos que escolhem os duelos, será se não há interesses empresariais nestes confrontos e na escolha dos vencedores?... até porque os vencedores dos duelos são os próprios técnicos que decidem.
Observem que em poucas palavras usei termos que deixam claro o fenômeno da "esportivização" musical do programa, como juízes ou jurados, Duelos, Confrontos, Técnicos, ringues, entre outras mais.
O programa tem conseguido um êxito espetacular com o público e tem atingido perfeitamente o seu propósito, até porque a música, o esporte, assim como tantos outros, são elementos culturais que comovem as pessoas e as fazem identificar-se com o espetáculo apresentado. O próprio nome do programa sugere a identificação nacional: "A voz do Brasil".
Confesso que eu, como um curioso das técnicas musicais, sou um desses espectadores que se comoveram ao assistir o programa. Mas enfim, não dá para se submeter cegamente a um produto promovido para a cultura de massas permeado por interesses exclusivamente mercadológicos.
Seguimos... Um abraço!
Parabéns Moacir, ótima provocação.