abraços
Sérgio Dorenski
O ESPORTE E A MÍDIA NA SOCIEDADE
MODERNA: Reflexões Formativas!
Luizy Dominique
S Gomes – Educação Física Licenciatura/UFS
Paloma Dias dos
Reis – Educação Física Licenciatura/UFS
O esporte moderno
desenvolve-se a partir do século XVIII, sendo praticado inicialmente no âmbito
da diversão, no tempo livre das classes dominantes. Seu desenvolvimento e
expansão ocorre em estreita relação com o desenvolvimento da sociedade
capitalista inglesa, de modo que incorpora algumas das suas principais
características, como a competição e o princípio do rendimento. Com isso, passa
a ter um novo sentido em relação aos jogos antigos e sua utilização pelas
classes dominantes da sociedade para atender os seus próprios interesses. Uma
das formas pelo qual o esporte estaria sendo usado nesse sentido seria no
ensino das regras sociais e a sua obediência, já que as regras regulariam a
forma do sujeito se portar na sociedade, de modo que este pode ser preparado
para o não questionamento e para o conformismo com o que está posto, como a
divisão das classes sociais. Outra utilidade que o esporte tem ganhado é como
potencial ideológico, utilidade essa muito recorrida pelos Estados, que se
aproveitam do esporte como veículo para atingir outros objetivos, muitas vezes
velados.
Na sociedade moderna o
esporte passa a ser mercadorizado, o que implica a profissionalização do mesmo,
levando a inclusão do esporte ao mundo do trabalho, pelo menos para os
trabalhadores deste campo. Enquanto mercadoria há a necessidade do aumento dos
seus consumidores (espectadores) o que passa a ser buscado através das mídias,
especialmente a mídia televisiva. No entanto, para sua difusão através destes
meios de comunicação foi preciso que o esporte fosse espetacularizado, ou seja,
o esporte passou por mudanças (como mudanças nas regras de algumas modalidades
e paradas estratégicas no decorrer do jogo) para se enquadrar nos moldes
televisivos, se tornando assim mais atraente ao mercado consumidor.
No filme “Um Domingo Qualquer”
de Oliver Stone, mostra abertamente essa relação entre o esporte de alto
rendimento, o capitalismo e a mídia, nota-se a necessidade que se tem em
controlar o jogo como um grande negócio e utilizar-se dele para a venda de sua
mercadoria. Na divulgação desses produtos a mídia televisiva tem um papel
importantíssimo, pois é ela que vai garantir aos seus
investidores/patrocinadores a divulgação desses produtos. Aqui, fica evidenciado
o princípio do rendimento enquanto uma das característica do esporte-espetáculo,
sendo mostrado o quanto a relação da mídia com atletas e equipes esportivas é
permeada pala vitória e derrota. Sendo que a vitória é que interessa para o
espetáculo midiático, já que é um dos meios pelo qual os consumidores
(espectadores) do esporte são atraídos, o que por sua vez atrai os
investidores. Deste modo, em nome da vitória (dinheiro) são tomadas atitudes
extremas, como sacrificar a vida dos atletas.
No entanto, na relação
da mídia com o esporte não é apenas a saúde dos atletas que fica prejudicada,
pois na busca por telespectadores, ouvintes e leitores a mídia em muitas
ocasiões toma atitudes irresponsáveis que acaba prejudicando o esporte e seus
atletas. Podemos citar como exemplo uma situação relatada por Rocco Júnior
(2016) da última olimpíada, em que logo após o nadador brasileiro Bruno Fratus
acabar no sexto lugar na final dos 50 metros livres é entrevistado por uma
repórter do canal à cabo Sportv, que lhe faz a seguinte pergunta: “Sai
chateado?”, o nadador responde da seguinte maneira: “Não, estou
felizão, né? Fiquei em sexto. Desculpa, né? mas…tô, bastante (feliz)”. A
pergunta da reporte despreza o esforço e preparação do atleta, assim como a
conquista que já é chegar a uma final olímpica.
Envolvido nesse
processo o telespectador precisa desenvolver um olhar questionador frente às
mensagens trazidas pela mídia, reconhecendo que existe dois lados da moeda e
que aquilo que lhe foi passado não é verdade absoluta, sendo assim o professor
é parte importante no desenvolvimento de um indivíduo critico não somente
frente às mensagens da mídia, mas a todo conhecimento que lhe é apresentado.
A Professora Maria
Luíza Belloni defende que os professores devem informar, questionar e desafiar
seus alunos para que possam desenvolver-se críticos e conscientes tendo
atitudes frente à TV, segundo ela para assim ser capaz de realizar o zaping inteligente.
Tais atitudes frente à
televisão assim como a outros meios de comunicação, têm se revelado cada vez
mais urgentes, uma vez que tais tecnologias têm invadido cada vez mais as
diversas esferas sociais, se constituindo em uma escola paralela, tendo um
importante papel no processo de socialização. Segundo Belloni (2009, p. 33):
O processo de socialização é o
espaço privilegiado da transmissão socialdos sistemas de valores, dos modos de
vida, das crianças e das representações, dos papéis sociais e dos modos de
comportamento.
A televisão especificamente,
atua na socialização à medida que transmite significações, as quais são reelaboradas
e incorporadas por crianças e jovens em seus costumes, discursos e
comportamentos. Nesse sentido é importante ressaltar que, o potencial de
socialização da mídia depende de diversos fatores, como a importância e
intensidade da ação de outras esferas socializadoras na vida do indivíduo
(BELLONI, 2009).
Diante do potencial de
influência que a mídia possui na vida das pessoas, evidencia-se a necessidade
de formação de seus usuários, para dominá-la e não deixar se dominar por ela.
Pois, como podemos perceber a mídia apresenta muitos perigos para a formação
das novas gerações, estando impregnada por conteúdos e informações controversas
propagando, por exemplo, valores estereotipados e comportamentos socialmente
dominantes. Podemos citar como exemplo a violência, que é explorada de
diferentes formas pela mídia, como em filmes, desenhos animados e telejornais pautados
exclusivamente por acontecimentos relacionadas à violência, o que acaba contribuindo
para sua naturalização e legitimação.
REFERÊNCIAS
BELLONI, Maria Luiza. O que é Mídia-Educação. 3 ed. Campinas,
SP: Autores Associados, 2009. (Coleção polêmicas do nosso tempo; 78).
BRACHT,
Valter. Sociologia crítica do esporte: uma
introdução. 3.ed. Ijuí: Unijuí, 2005. (Coleção educação física).
PIRES, Giovani de Lorenzi. Breve
introdução ao estudo dos processos de apropriação social do fenômeno esporte. Revista da Educação Física/UEM. Maringá.
1998.
3 comentários:
Que belo texto, meus sinceros parabéns as moças.
Conseguiram reunir no texto de maneira brilhante grande parte das discussões realizadas dentro da disciplina, bem como também incluir alguns dos nossos ‘‘bom dia’’.
É importante sim, salientar o poder da mídia na sociedade principalmente nesta geração que possui fácil acesso aos diversos meios de comunicação. Já está mais do que na hora das TIC’s serem integradas e trabalhadas na escola de maneira sensata e produtiva, para então existir a possibilidade de se transformar o aluno em um ser pensante e criticamente ativo na sociedade, não em mais um alienado...
Isso aí meninas, parabéns! Ao ler o texto de vocês, me recordei desse filme um domingo qualquer, que assistimos em sala de aula. Ele expõe como a mídia configura o esporte moderno, esse cenário do esporte do alto rendimento e suas interações, seja na vida do atleta e sua família, ou pelo âmbito de quem patrocina. O meu olhar direcionado para área de saúde, foi despertado para o retrato exibido na conduta dos profissionais que deveriam zelar pelo bem estar fisiológico e mental do atleta, mas que ultrapassam a ética profissional e se condicionam ao que a mídia busca e impõe, um atleta que supera incansavelmente o próprio limite, e que coloca em risco sua saúde, em prol de fama e reconhecimento, tudo que, infelizmente é necessário na nossa cultura para que se triunfe no esporte hoje.
Parabéns meninas, excelente texto!.
É isso aí,nos dias de hoje o aluno cada vez mais cedo têm acesso as mídias(celulares, tvs, computadores), e é importante que as escolas tenham essa visão de que devem se adequar para essa nova geração, porque essas TIC's já estão presentes e influentes em todas as esferas da vida social. A escola precisa cumprir seu papel de mediadora do conhecimento e como tal é importante que ela se adeque a essa nova realidade, para que esses alunos saibam utilizar dessas ferramentas enquanto uma de fonte de conhecimento e não simplesmente, como diria nosso amigo Flávio, que não seja mais um "zumbizado" na sociedade.
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