Quem sabe não está aí uma oportunidade para pesquisarmos os "esportes radicais"...
Vamos observar!
Esportes Radicais
Derrubar ministros exige competência
Por Alberto Dines em 25/10/2011 na edição 665
Balística e jornalismo investigativo têm algo em comum:independente do calibre da arma e da força do projétil, é crucial avaliar o ângulo do disparo e a vulnerabilidade do alvo.
As denúncias da Veja contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, publicadas no fim de semana 15-16 de outubro (edição 2239) devem demorar a derrubá-lo ou talvez nem o derrubem. Foram formuladas canhestramente. São ineficazes.
Para começar: o denunciante é réu. Portanto, suspeito. Tem ficha de truculento, negocista, policial-bandido, miliciano típico. Esteve envolvido no mesmo esquema que agora tenta demolir. Faz parte do mesmo bando que agora está sendo investigado. O desvio de verbas do ministério para ONGs que promovem o esporte assistencial já estava sendo investigado há mais de dois anos pelas polícias de Brasília e Federal, pela CGU e pelo Ministério Público.
O fato novo, bombástico, é a entrega de dinheiro vivo na mão do ministro ou de seu motorista. E esta tremenda novidade não colou porque carece de provas. Veja embarcou em nova aventura denuncista sem ter qualquer comprovante. Saiu atirando.
Fora dos holofotes
Na ânsia de ganhar o campeonato nacional de tiro-aos-ministros, o semanário fez escolhas estratégicas erradas. Quando a Folha de S.Paulo atirou em Antonio Palocci, mirou apenas em seu incrível e vertiginoso enriquecimento. Não pensou no PT nem em alvos próximos. Apontou, atirou, acertou na mosca, Palocci estrebuchou um bocadinho e emborcou.
O frenesi ideológico dos atiradores de Veja leva-os a optar pela rajada e esta nem sempre é mais letal do que o tiro único, certeiro. Queriam pegar o ministro e também o seu partido, fazer o trabalho completo. Não pegaram nem um nem outro.
O PCdoB, tal como uma porção significativa da base aliada, está envolvido em bandalheiras. Sua imagem de estoicismo e idealismo há muito evaporou. A vigorosa reação dos familiares das lideranças comunistas históricas em seguida à propaganda televisiva do partido (Anita Leocádia Prestes e Victoria Grabois, por exemplo) é prova de uma indisfarçável degradação.
São consistentes muitas das revelações sobre o que acontece dentro e em torno do Ministério do Esporte não apenas porque já vinham sendo investigadas, mas porque agora passarão a ser monitoradas também pela Procuradoria Geral da República. É da natureza da PGR relutar, não dispersar-se em muitas ações e trabalhar longe dos holofotes. Mas quando anuncia publicamente que vai apurar malfeitorias é porque pressente o que deve encontrar.
Esporte perigoso
A editoria de denúncias do semanário da Editora Abril não levou em conta as chamadas “circunstâncias ambientais”: a destituição do ministro do Esporte quando faltam três anos para o início da Copa do Mundo só poderia ocorrer diante de colossais ilícitos. Comprovados cabalmente. Também não levou em conta que naquele momento o ministro Orlando Silva não poderia ser facilmente sacrificado porque representava uma ala do governo que tenta oferecer resistências ao poderio conjugado dos abutres Fifa-CBF.
Para ser eficaz, o jornalismo de cruzadas deve evitar fúrias, ser preciso. A grande mídia está apostando para ver quem derruba mais ministros até o fim do ano. Trata-se de um esporte radical, cansativo e perigoso. Corre o risco de ficar desacreditado.
5 comentários:
Valeu Lyana pela postagem. Mas, esse tal de Alberto Dines é bom em?!Esportes radicais... essa foi ótima. Só falta agora um (in) feliz incluir no curso de Educação Física (kkkk)
Muito bom texto....
Mas a Veja (e a mídia em geral) tanto fez que conseguiu...
Derrubaram o Orlando agora à tarde.
Serve também pra gente avaliar o poder da mídia, mesmo amparada na denúncia vazia de um bandido...
Poder amplificado e realimentado pelo bate-bumbo cotidiano da oposição no congresso e os interesses da CBF/FIFA.
Pois é Gio, fiquei sabendo agora pela manhã assim que cheguei na Faced/UFBA. Eu não gostava muito desse ministro, mas confesso que me deu pena! não se pode subestimar o esporte, ou melhor, o valor econômico produzido por ele, pois acarreta uma série de interesses. Não dá para ter ética numa coisa que não existe ética, ou melhor, a ética é a ganância por dinheiro. Ontem na UFS, no Seminário sobre Cinema, juntamente com o Cris e o Hamilcar, estávamos analisando, a partir do filme "Um domingo Quialquer" esta relação... (boa pedida para ver). Serve de lição e que ele agora se preocupe efetivamente com a Escola e deixe as oligarquias do $port!!!!!
Muito bom texto mesmo... para pensar como o dito "melhor semanário" do país mete os pés pelas mãos e faz manobras totalmente equivocadas, algo como um 360º no meio de um tsunami, o "tsunami esportivo" do Brasil. Mas é isso ai, veremos as cenas dos próximos capítulos e agora assistiremos à briga dos partidos para ver quem fica com a "mina de ouro".
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