Apresentamos o primeiro texto da disciplina de "Educação Física, Esporte e Mídia" (Licenciatura em Educação Física/UFS) deste primeiro semestre de 2013. Quem estreia por aqui é a Laise Matos Lima, com suas reflexões sobre esporte e política.
Boa leitura e que o diálogo se intensifique!
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“Uma viagem pela política e o esporte”
Laise Matos Lima
Uma
relação entre a vitória da seleção da brasileira de futebol na Copa das
Confederações e as manifestações populares no Brasil no ano de 2013
O futebol é um dos esportes
mais praticados e conhecidos no mundo. Este é um esporte de fácil acesso, uma
vez que, basta se ter uma bola, equipes para jogar e traves, que em qualquer
lugar crianças e adultos podem se divertir com o futebol. O Brasil é conhecido como “o país do
futebol” e não é à toa. É o único país que esteve presente em todas as Copas do
Mundo, sendo também o recordista em conquistas (cinco); seus jogadores são
reconhecidos e admirados mundialmente; e as torcidas fanáticas enchem os
estádios com muita festa e música. Assim, o
futebol no Brasil passa a se tornar como um elemento de identidade do
brasileiro.
No ano de 2013 acontece algo
inesperado. Revoltosos com o descaso do serviço público e inconformados com os
gastos do dinheiro público para a Copa das Confederações da FIFA, eis que o
povo sai às ruas do país para fazer manifestações. Pessoas resolvem fazer
manifestações por todo o país reivindicando contra o aumento das passagens de
ônibus, contra a PEC 37 que pretende limitar o poder de investigação criminal a
policias federais e civis retirando-o do Ministério Público dentre outras
organizações, contra o empobrecimento dos serviços públicos (saúde, educação,
transporte público), e principalmente contra a corrupção no Brasil.
O que marcou a Copa das
Confederações no Brasil foram as manifestações populares que, a cada dia que
passava, tomaram mais e mais conta das ruas das cidades brasileiras.
Enquanto há duas semanas
antes da Copa das Confederações a seleção brasileira de futebol era
completamente desacreditada - com o país totalmente tomado por manifestantes
contra a política no Brasil, contra os descasos no país – na final da Copa, no
Maracanã, eis que a seleção é campeã. Coincidência ou não? Teria o resultado
final do jogo sido manipulado? Como ficaria a situação do governo caso a
seleção brasileira de futebol perdesse esse jogo? Já parou para pensar nisso?
É preciso ter uma visão
crítica dos acontecimentos para não cair, muitas vezes, nas armadilhas expostas
pela mídia, pelo governo. O papel da mídia não é somente levar informação ao
povo, mas também levar ao povo aquilo que os poderosos querem que seja levado. A
mídia passa pelo processo de manipulação, tanto que, por exemplo, certa
emissora de TV só vai transmitir o que eles acham conveniente, o que eles tem
permissão do governo para transmitir e não o que acontece de fato por todo país
– enquanto eles transmitem as manifestações, percebe-se que o foco da
transmissão está nos vandalismos feitos por poucos, e não na manifestação em
si. Este é um exemplo muito simples para ver que existe uma manipulação dos
conteúdos sim.
E no esporte, seria isso
diferente? Tendo o governo direta/indireta influência nos acontecimentos do
país como um todo, ele bem que possui poder suficiente para alterar, para
manipular o resultado final de jogo, da mesma forma que faz com a mídia.
Pensando na influência que o
futebol exerce sobre a população brasileira, fazendo correlação com a
influência do governo na mídia, com as manifestações que aconteceram durante
toda a Copa das Confederações ocorridas no Brasil, pensando no que teria
acontecido entre governo e povo, caso a seleção brasileira de futebol perdesse
a final da Copa para a seleção espanhola, eis que fica a questão: O resultado
final do jogo teria sido manipulado ou não?
8 comentários:
Parabéns Laise..., bela reflexão. Você trouxe alguns questionamentos importantes e daria outras investigações com certeza.
Não resta dúvida que política e futebol - no Brasil - são indissociáveis e ai quando se acrescenta o papel da mídia nesta relação encontramos jogos de poder determinantes em nossa sociedade. os bastidores desta relação, para as pessoas que tem vergonha, às vezes é melhor nem saber. São tantas coisas podres que me enche de orgulho dizer não ao nacionalismo e ao hino nacional. Um colega da UFS me questionou se não foi estranho um juiz chileno apitar a final da Copa da Confeder..., logo após receber de bandeja do Brasil sediar a Copa América de Futebol...ai tem!
vamos conversando...
Parabéns mais uma vez e continuam com a pegada...
Parabéns Laise..., bela reflexão. Você trouxe alguns questionamentos importantes e daria outras investigações com certeza.
Não resta dúvida que política e futebol - no Brasil - são indissociáveis e ai quando se acrescenta o papel da mídia nesta relação encontramos jogos de poder determinantes em nossa sociedade. os bastidores desta relação, para as pessoas que tem vergonha, às vezes é melhor nem saber. São tantas coisas podres que me enche de orgulho dizer não ao nacionalismo e ao hino nacional. Um colega da UFS me questionou se não foi estranho um juiz chileno apitar a final da Copa da Confeder..., logo após receber de bandeja do Brasil sediar a Copa América de Futebol...ai tem!
vamos conversando...
Parabéns mais uma vez e continuam com a pegada...
Abração
Sérgio Dorenski
Parabéns pelas palavras usadas nos questionamentos, foram bem distribuidas e bem informativas . Levaram-nos à realidade de um modo ao qual percebemos de forma retraida, mostrou que até mesmo uma Competição de grande porte como o Evento da Copa das Confederações pode ser usado como um escape e mostrar que é capaz de despertar interesses e sentimentos da população local e até mesmo Mundial . As manifestações transmitidas foram um exemplo perfeito de que o País esta sendo o Centro das Atenções e que é preciso muito cuidado para não expor demais, já que a Mídia mostra muito e manipula da mesma forma, e sabemos que o Futebol está no sangue do brasileiro .
Pensando em uma tal possível derrota para a atual campeã mundial( que não aconteceu), algumas pessoas poderiam levar como algo normal, do esporte, um dia perde, outro ganha .. já outros poderiam levar mais a sério e vandalizar, aproveitar o Torneio, a mídia e fazer badernas e destruições em locais públicos e privados , tudo está sendo Observado com cautela e muitos pensamentos maliciosos, seja de uma forma mais direta ou não, mas a Mídia manipula muitas coisas e o esporte é uma Maneira a mais de isso acontecer .
Parabéns Laise pelas observações, ótimo texto .
O que falta para o Brasil é um pouco de consciência e revolta, essa vitória manipulada ou não da seleção, fez o clima tenso se acalmar e mais uma vez o ''GIGANTE'' hibernou.
A população é facilmente manipulada e nós só estamos no começo de um progresso que talvez nunca chegue para a grande maioria dos brasileiros!
A partir do momento em que uma pessoa toma consciência do quanto a mídia ( televisiva) afeta o pensamento público com suas distorções e até mesmo acréscimos de informação desnecessária e muitas vezes insuficientes para manter a população cultamente informada, ela passa a duvidar de toda e qualquer informação vinda por esse meio. Infelizmente a grande massa da população não da muita importância pros seus próprios direitos, uma vez que nem os conhece direito. O brasileiro muitas vezes se comporta como se não tivesse pelo que lutar, e quando encontram motivos pra lutar se dizem impotentes, mas a impotência né uma escolha também de assumir a própria responsabilidade? O povo não queen saber se houve manipulação de resultado ou não, o que importa pra maioria, infelizmente, é estatus, posição...
Infelizmente enquanto a população brasileira não entender que a seleção de representantes é mais importante que a de futebol o brasil não passará disso, apenas "o país do futebol"...
Olá Cris e Lais,
Parabéns pelo post e pela disciplina ministrada pelo Cris estar sempre se mostrando pertinente, atual e necessária dentro da formação acadêmica.
Sobre o post... confesso que apesar de estar envolvido no grupo de pesquisa há cerca de 3 a 4 anos e estar sempre acompanhando e observando os bastidores (diga-se a política) de todo esse espetáculo (diga-se o esporte), tenho tentado me privar de sentimentos duros e contrariantes ao poder que o terreno dentro das quatro linhas de um campo ou uma quadra tem. Talvez por ser um aficionado em esporte e me deixar tomar pela capacidade de subjetividade que esse fenômeno tem, mas também por acreditar muitas vezes na sensibilidade dos seres humanos que compõem o cenário esportivo, nos bastidores são apenas algumas oligarquias que decidem, mas dentro do campo de futebol são 25 que podem decidir, 11 de cada lado e os três árbitros. Porém Lais, não querendo te confundir, mas não entenda que esse meu comentário descarta a possibilidade de acerto político na final da Copa das Confederações. Fica ao critério de cada um!
Parabéns.
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