No dia 30 de setembro de 2011, na Universidade Federal de Sergipe - UFS, a aula da disciplina “Educação Física, Esporte e Mídia”, ministrada pelo professor Cristiano Mezzaroba abordou o texto de Douglas Kellner: A cultura da mídia e o triunfo do espetáculo, o qual apresenta discussões acerca de uma nova cultura do espetáculo, diante de conceitos elencados por Guy DEBORD e interpretação do próprio KELLNER.
Dele pudemos apreender que a indústria cultural vem ao longo dos anos passando por constantes transformações e fazendo-se surgir sobre novas perspectivas. De forma que a promoção de espetáculos culturais em larga escala, através de novos meios de comunicação vem se tornando um dos princípios organizacionais da economia, da sociedade, da política e da vida cotidiana. Os espetáculos transmitidos pela internet se transformam em meios de divulgação, reprodução, circulação e venda de mercadorias. Padrões de comportamentos, referenciais de moda, costumes e até personalidades são criados e transformados como consequências das diversas manifestações do espetáculo midiático.
No campo esportivo essa lógica também se faz presente, dando vida a uma nova cultura do espetáculo, embasada na realização de megaespetáculos e espetáculos interativos. Onde identificamos desde o emprego de valores da sociedade como a competição e sucesso, bem como o culto às celebridades, o investimento de empresas, a promoção dos produtos por meio da televisão, multimídias e tecnologias da informação (principalmente a internet), que culminam na mercadorização e espetacularização de eventos e modalidades esportivas.
Exemplos desta perspectiva são evidenciados ao observamos um evento como o “Super Clássico das Américas” (jogo entre Brasil x Argentina, no último dia 28/10), uma competição esportiva dentro da lógica do entretenimento, largamente explorada pelos diversos meios de comunicação (antes, durante e depois de seu acontecimento), patrocinada por grandes empresas que têm seus produtos e marcas insistentemente promovidos em merchandisings. A banalização de conteúdos e ridicularização do futebol ao transformá-lo em tablóide diante da não apresentação de um jogador do plantel (a desistência do jogador Mário Fernandes, do Grêmio). E a eleição de um outro jovem jogador como ídolo (agora Neymar, antes Ronaldinho Gaúcho), uma celebridade que tem padrões de imagem e comportamento a serem seguidos (mesmo que destoem de alguns já preestabelecidos), ao ponto de termos epidemias de corte de cabelo e pensarmos em gravidez na adolescência como um ideal a ser alcançado (como uma torcedora, neste mesmo último jogo da seleção brasileira, com um cartaz pedindo para “engravidar de Neymar”). Um jogo que teve um desfecho positivo para a seleção brasileira, garantindo ao infoentretenimento e aos patrocinadores o sucesso e a rentabilidade multiplicada do espetáculo, ao possibilitar a promoção de novos produtos, sejam eles no “campo” da informação ou do mercado.
Pudemos compreender ainda que diferentemente de Debord, Kellner avalia que a política do espetáculo nem sempre é triunfante, que algumas vezes não consegue manipular o público, visto que há passividade mas também há criticidade; há a tentativa de homogeneização mas há também contextualizações divergentes; há uma certa visão monolítica ao mesmo tempo que os múltiplos olhares também são acionados. E interpretamos que é neste ponto que nós educadores devemos nos basear, fornecendo aos nossos alunos instrumentos que os possibilitem analisar e conseguir enxergar nas entrelinhas o que a mídia nos apresenta para poder absorver o que há de melhor e amenizar o impacto de sua influência em nossas ações.
Blog do Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva (UFSC/UFS/UFSJ)
domingo, 2 de outubro de 2011
A cultura da mídia e o triunfo do espetáculo – Breves considerações no contexto da EF
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8 comentários:
Parabéns Cris! bela análise...eu acredito que o grande legado do Debord (viu a intimidade?)está em nos alertar em que o espetáculo se converte em mercadoria em nossa sociedade, principalmente nos tempos de hoje. Como Thompson também, explica que o importante na cultura da mídia é que o produto esteja disponível para uma pluralidade de indivíduos...ai, assistimos a tudo em forma de espetáculo...em forma de mercadoria.
Parabéns!!!
É a espetacularização das nossas vidas! Muito boa a discussão feita por Douglas Kellner a partir do Guy Debord!
Penso a visão do espetáculo e do espetacular como um dos mais claros princípios para observarmos no cotidiano.
Muito bom texto! Parabéns!
Abração.
Oii pessoal!
Primeiramente parabenizar meus colegas pelo texto,foi muito compreensivo.
Realmente hoje em dia a mídia tem um papel de propor essa espetacularização cultural mudando o ponto de vista das pessoas, principalmente nos esportes. Criando padrões totalmente contrarios as realidades da sociedade.
Olá pessoal!
Parabéns aos meus colegas, o texto é bastante claro e interessante.
Cabe aí a reflexão no sentido de atentar-mos para absorver da mídia o que há de melhor e procurar-mos amenizar seus efeitos negativos na medida do possível!
me atrevo a dizer que a melhor parte dessas postagens é que ao longo da semana podemos observar tudo o que foi discutido em sala e perceber como a mídia esá presente em todos os momentos e a partir daí poder ter um olhar crítico a respeito.
A pouco tempo atrás ainda não tinha me deparado sobre a dimensão que a indústria cultural/ o mercado/ a espetacularização da mídia tem tomado ultimamente e no decorrer dos estudos percebo que essa influência é maior do que imaginava acredito que meu olhar ainda é, por vezes, "ingênuo" até demais, e aí está o perigo! A sociedade ainda é movida/comandada com certa tranquilidade, parece que estamos em estado de espera, quase desligados (ou bem ligados)da vida humana. Mas até quando vamos viver assim? Até quando essa indústria cultural/ esse mercado vai continuar comandando e direcionando os nossos olhares? Só encontro saída no momento em que a sociedade estiver consciente e disposto a optar pela mudança...
Parabéns ao grupo pelo texto!
Como esses fenômenos de cultura da mídia estão presentes em nossas vidas!
Concordando com a nossa colega Mércia Qaranta...
o melhor de tudo é que apartir das aulas, das discussões, conseguimos observar e interpretar de maneira crítica esses espetaculos que ocorrem a nossa volta.
Muito produtiva as aulas!
PARABÉNS
PARABÉNS!!!
A cultura espetáculo é aquela altamente descartável, pois são utilizadas como mercadorias, e como tudo aquilo que virá moda, um dia acaba.
Com esse bombardeio midiático de uma cultura mercadoria que é feita para vender, acaba suprimindo a que deveria se perpetuar para além das gerações.
O interessante deste estudo não reside no fato de sempre vê a mídia como uma vilã, que manipula, dita as regras ou como uma alienante. Mas de saber que existe sujeitos ativos no processo, só que para a transformação devida é necessário que muitos outros se conscientizem dos fatores positivos e negativos da mídia.
Obrigada Cristiano e Colegas de turma pelas informações!
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