domingo, 2 de outubro de 2011

A cultura da mídia e o triunfo do espetáculo – Breves considerações no contexto da EF

No dia 30 de setembro de 2011, na Universidade Federal de Sergipe - UFS, a aula da disciplina “Educação Física, Esporte e Mídia”, ministrada pelo professor Cristiano Mezzaroba abordou o texto de Douglas Kellner: A cultura da mídia e o triunfo do espetáculo, o qual apresenta discussões acerca de uma nova cultura do espetáculo, diante de conceitos elencados por Guy DEBORD e interpretação do próprio KELLNER.

Dele pudemos apreender que a indústria cultural vem ao longo dos anos passando por constantes transformações e fazendo-se surgir sobre novas perspectivas. De forma que a promoção de espetáculos culturais em larga escala, através de novos meios de comunicação vem se tornando um dos princípios organizacionais da economia, da sociedade, da política e da vida cotidiana. Os espetáculos transmitidos pela internet se transformam em meios de divulgação, reprodução, circulação e venda de mercadorias. Padrões de comportamentos, referenciais de moda, costumes e até personalidades são criados e transformados como consequências das diversas manifestações do espetáculo midiático.

No campo esportivo essa lógica também se faz presente, dando vida a uma nova cultura do espetáculo, embasada na realização de megaespetáculos e espetáculos interativos. Onde identificamos desde o emprego de valores da sociedade como a competição e sucesso, bem como o culto às celebridades, o investimento de empresas, a promoção dos produtos por meio da televisão, multimídias e tecnologias da informação (principalmente a internet), que culminam na mercadorização e espetacularização de eventos e modalidades esportivas.

Exemplos desta perspectiva são evidenciados ao observamos um evento como o “Super Clássico das Américas” (jogo entre Brasil x Argentina, no último dia 28/10), uma competição esportiva dentro da lógica do entretenimento, largamente explorada pelos diversos meios de comunicação (antes, durante e depois de seu acontecimento), patrocinada por grandes empresas que têm seus produtos e marcas insistentemente promovidos em merchandisings. A banalização de conteúdos e ridicularização do futebol ao transformá-lo em tablóide diante da não apresentação de um jogador do plantel (a desistência do jogador Mário Fernandes, do Grêmio). E a eleição de um outro jovem jogador como ídolo (agora Neymar, antes Ronaldinho Gaúcho), uma celebridade que tem padrões de imagem e comportamento a serem seguidos (mesmo que destoem de alguns já preestabelecidos), ao ponto de termos epidemias de corte de cabelo e pensarmos em gravidez na adolescência como um ideal a ser alcançado (como uma torcedora, neste mesmo último jogo da seleção brasileira, com um cartaz pedindo para “engravidar de Neymar”). Um jogo que teve um desfecho positivo para a seleção brasileira, garantindo ao infoentretenimento e aos patrocinadores o sucesso e a rentabilidade multiplicada do espetáculo, ao possibilitar a promoção de novos produtos, sejam eles no “campo” da informação ou do mercado.

Pudemos compreender ainda que diferentemente de Debord, Kellner avalia que a política do espetáculo nem sempre é triunfante, que algumas vezes não consegue manipular o público, visto que há passividade mas também há criticidade; há a tentativa de homogeneização mas há também contextualizações divergentes; há uma certa visão monolítica ao mesmo tempo que os múltiplos olhares também são acionados. E interpretamos que é neste ponto que nós educadores devemos nos basear, fornecendo aos nossos alunos instrumentos que os possibilitem analisar e conseguir enxergar nas entrelinhas o que a mídia nos apresenta para poder absorver o que há de melhor e amenizar o impacto de sua influência em nossas ações.

8 comentários:

Sergio Dorenski disse...

Parabéns Cris! bela análise...eu acredito que o grande legado do Debord (viu a intimidade?)está em nos alertar em que o espetáculo se converte em mercadoria em nossa sociedade, principalmente nos tempos de hoje. Como Thompson também, explica que o importante na cultura da mídia é que o produto esteja disponível para uma pluralidade de indivíduos...ai, assistimos a tudo em forma de espetáculo...em forma de mercadoria.
Parabéns!!!

Silvan Menezes disse...

É a espetacularização das nossas vidas! Muito boa a discussão feita por Douglas Kellner a partir do Guy Debord!
Penso a visão do espetáculo e do espetacular como um dos mais claros princípios para observarmos no cotidiano.
Muito bom texto! Parabéns!
Abração.

Plínio disse...

Oii pessoal!
Primeiramente parabenizar meus colegas pelo texto,foi muito compreensivo.
Realmente hoje em dia a mídia tem um papel de propor essa espetacularização cultural mudando o ponto de vista das pessoas, principalmente nos esportes. Criando padrões totalmente contrarios as realidades da sociedade.

Afra disse...

Olá pessoal!
Parabéns aos meus colegas, o texto é bastante claro e interessante.
Cabe aí a reflexão no sentido de atentar-mos para absorver da mídia o que há de melhor e procurar-mos amenizar seus efeitos negativos na medida do possível!

Mércia Quaranta disse...

me atrevo a dizer que a melhor parte dessas postagens é que ao longo da semana podemos observar tudo o que foi discutido em sala e perceber como a mídia esá presente em todos os momentos e a partir daí poder ter um olhar crítico a respeito.

Jessica Vitorino disse...

A pouco tempo atrás ainda não tinha me deparado sobre a dimensão que a indústria cultural/ o mercado/ a espetacularização da mídia tem tomado ultimamente e no decorrer dos estudos percebo que essa influência é maior do que imaginava acredito que meu olhar ainda é, por vezes, "ingênuo" até demais, e aí está o perigo! A sociedade ainda é movida/comandada com certa tranquilidade, parece que estamos em estado de espera, quase desligados (ou bem ligados)da vida humana. Mas até quando vamos viver assim? Até quando essa indústria cultural/ esse mercado vai continuar comandando e direcionando os nossos olhares? Só encontro saída no momento em que a sociedade estiver consciente e disposto a optar pela mudança...

Juliana Nunes disse...

Parabéns ao grupo pelo texto!
Como esses fenômenos de cultura da mídia estão presentes em nossas vidas!
Concordando com a nossa colega Mércia Qaranta...
o melhor de tudo é que apartir das aulas, das discussões, conseguimos observar e interpretar de maneira crítica esses espetaculos que ocorrem a nossa volta.
Muito produtiva as aulas!
PARABÉNS
PARABÉNS!!!

Jeniffer Souza disse...

A cultura espetáculo é aquela altamente descartável, pois são utilizadas como mercadorias, e como tudo aquilo que virá moda, um dia acaba.
Com esse bombardeio midiático de uma cultura mercadoria que é feita para vender, acaba suprimindo a que deveria se perpetuar para além das gerações.
O interessante deste estudo não reside no fato de sempre vê a mídia como uma vilã, que manipula, dita as regras ou como uma alienante. Mas de saber que existe sujeitos ativos no processo, só que para a transformação devida é necessário que muitos outros se conscientizem dos fatores positivos e negativos da mídia.

Obrigada Cristiano e Colegas de turma pelas informações!