quarta-feira, 12 de junho de 2013

As amnésias dos megaeventos esportivos no Brasil: "O Rio esquecido", "Onde está o Mundial?"

Nesta semana de abertura da Copa das Confederações - que também traz a marca dos 365 dias que nos separam do Mundial da FIFA -, dois textos publicados na imprensa nacional são muito oportunos para refletirmos sobre a organização dos megaeventos esportivos no Brasil: seus impactos, legados, efeitos colaterais, absurdos. Em ambos, denúncias de amnésia: a cidade do Rio que tem boa parte da sua população esquecida e posta à margem dos investimentos dos megaeventos; as promessas de um Mundial que não sabemos onde está.

O primeiro texto é a reportagem de capa da Carta Capital: "O Rio Esquecido/Cidade Partida - A vasta porção da metrópole à margem dos investimento da Copa e das Olimpíadas".


A reportagem traz uma análise que aponta o risco iminente (em muito já concretizado) de que os altos investimentos de infraestrutura atendam apenas à parcela da população que mora nas áreas mais ricas da cidade, aprofundando a desigualdade econômica e social do Rio. Por exemplo, a nova linha 4 do metrô, com custo estimado em 8,5 bilhões, ligará a Barra da Tijuca à Zona da Sul. Enquanto isso, a linha 3, que aproximaria o subúrbio da região central da cidade, beneficiando milhões de trabalhadores que gastam até 6 horas por dia em deslocamentos, continua apenas no papel. Nas palavras irônicas de Sérgio Magalhães, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, "no Rio, o 4 vem antes do 3". A discrepância continua quando se contrapõem os investimentos feitos pela cidade em saneamento básico, segurança pública, urbanização, moradia, lazer.

O segundo texto é a coluna do jornalista esportivo Antero Greco, publicada no Estado de São Paulo (impresso e site):


Greco nos lembra que estamos a um ano da abertura da Copa (12 de junho de 2014, em São Paulo, às 17 horas, partida Brasil x A2) e coloca a pergunta: "Onde está o Mundial?". Os legados serão tímidos, as obras de infraestrutura quase não aconteceram, orçamentos foram estourados, novos estádios nascem já candidatos à elefantes brancos, a promessa do ex-presidente da CBF de que o evento seria financiado essencialmente pela iniciativa privada se mostrou "conversa para boi dormir". Greco ainda questiona e explicita em tom de denúncia o perfil das pessoas que estão à frente da organização do evento da Fifa:

"Quem comanda os preparativos? Um político de escola ufanista e estacionada nos anos 1970 que carrega a tiracolo pra todo canto seu pupilo e ungido para a sucessão. Um ministro que exalta as benesses do Mundial e não faz as cobranças que a sociedade exige. Um ex-atleta que acumula cargos de integrante do Comitê Organizador, garoto-propaganda, empresário e comentarista. E um francês que dá pitacos como se aqui fosse a casa da sogra".


2 comentários:

Giovani Pires disse...

Pois é, Rogério, a UOL divulgou uma versão curta de um video chamado A Caminho da Copa, que mostra as mazelas porque estão passando várias comunidades cariocas com as remoções.
Enquanto isso, na Ilha da Fantasia, o Ministério da Educação ativa, ao menos da TV, o projetinho Atleta na Escola, aquela palhaçada a qual me referi em postagem anterior...
Nossa tarefa, de observadores, é estar atentos e informar sempre essas denuncias, para ajudar na formação de uma consciência mais crítica (se é que é possivel, neste momento de canta da sereia).

Rogério Santos Pereira disse...

Giovani,

Para tentarmos caminhar contra os cantos da sereia, vou incluir as dicas do seu comentário em uma outra postagem!