Segue, abaixo, as reflexões do acadêmico Roberto Emmanuel Nascimento Santos, do curso de Música, aqui da Universidade Federal de Sergipe, que juntou-se a nós para discutir mídia esportiva.
As opiniões de vocês são sempre bem-vindas ao debate!
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Doping, drogas e deuses - Roberto Emmanuel Nascimento Santos
Uma receita básica para
atrair e colher os frutos da mídia é transformar o esporte em um espetáculo,
onde os princípios básicos fundamentados são amplamente esquecidos. O mais
difícil nessa receita é fazer com que essa “transformação” não seja perceptiva
aos olhos do público, que, em tese, deve continuar a ter uma visão romântica
sobre um esporte em que exemplos de princípios morais são construídos.
Tudo isso nos gera um
paradoxo, onde o esporte se transforma em um espetáculo formado por atores que
interpretam “deuses”, onde o script o
qual preza os conceitos morais da sociedade deve ser sempre seguido. Mas irei
lhes mostrar que interpretar durante uma vida inteira é impossível.
Doping no esporte de
forma simplificada: uma substância proibida, altamente julgada pela sociedade e
usada por quase todos atletas de elite.
Recentemente, foi divulgado na mídia diversos atletas pegos no exame
antidoping, entre eles o ex-recordista mundial Asafa Powell e Tyson Gay, este
último detentor das 3 melhores marcas do 100 metros em 2013. Com essa
oportunidade de audiência, escândalo e espetáculo diferenciado em mãos, a mídia
não perdeu tempo em destruir a imagem daqueles que um dia glorificaram como “deuses”
esportivos. Basta um trecho de “Versos Íntimos”, de Augusto dos Anjos, para
exemplificar essa relação de altos e baixos entre a mídia e o esporte: “O beijo, amigo, é a véspera do escarro. A
mão que afaga é a mesma que apedreja”.
Para ser mais
especifico em relação aos dados, na corrida dos 100 metros rasos, entre os
atletas das 10 melhores marcas, os exames antidoping de 7 deles deram positivos.
Enquanto aos atletas do ciclismo da famosa “Volta da França”, 16 atletas dos 21
que ocuparam o pódio foram pegos no exame antidoping. Diversos jogadores
idolatrados, entre eles Giba (vôlei) e Maradona (futebol), alimentaram o
tráfico de drogas como maconha e cocaína.
A conclusão é que a
mídia tenta mover nossa sociedade aderindo discípulos que glorificam a imagem
de atletas, atores de novela, apresentadores de televisão, músicos,
celebridades instantâneas, entre outros: não julgo a espetacularização que é
formada por ela (mídia), mas a hipocrisia que gera todo esse processo, onde não
só os esportistas, mas todos que estão nesse meio são doutrinados a criar uma
falsa imagem sobre si próprios, transmitindo para os mais críticos ou
reflexivos, uma falta de credibilidade a todo esse sistema.
Porém,
somente criticar a mídia não é suficiente, devemos compreender que todo esse
sistema midiático e apelo dos atletas para o uso de substâncias proibidas é
apenas um reflexo de nossa sociedade, onde no trabalho, relacionamento, escola
ou vida social em geral, somos sempre cobrados pelo sucesso, vitória e
imponentes resultados. Para enfrentar essa rotina cansativa cotidianamente encontramos
a importante companhia de um aliado em substâncias como: cafeína, ácido
acetilsalicílico (aspirina), antidepressivos, estimulantes sexuais, cannabis, bebidas
alcoólicas, entre outras. Tanto o atleta quanto qualquer indivíduo que tenta
seguir essas expectativas, prefere pagar o preço deixando a margem sua saúde
física/mental e os seus controversos princípios morais formados em sua vida.
6 comentários:
Olá pessoas mais uma boa postagem que toca em um ponto que muitos - principalmente que lida com esporte espetáculo - não querem ouvir. lembro-me que houve uma época em que se discutia sobre a liberação do dopping, ou melhor fazer uma olimpíada com a liberação..., até por que sabemos que para os atletas de ponta manter sua posição no ranking, é preciso fazer usos de substãncias...Está em jogo uma série de fatores, empresas patrocinadoras, o grande conglomerado midiático que quer exibir o espetáculo esportivo...entre outros. para isto, o uso dessas substâncias impróprias faz-se necessário.
Agora, quando um atleta é detectado..., todos contra ele. O Discurso moral (falso) e ético (brincadeira!)aparecem e crucificam o atleta...como se fosse possível ficar na ponta sem uso...obviamente que existe um montante de dinheiro que determina estes acontecimentos e por conta dele tudo é permitido...
vamos conversando.
parabéns.
Cris e acadêmicos da disciplina,
Parabéns a vocês por manterem a iniciativa de postar suas reflexões no nosso blog, ampliando assim as possibilidades de leitura/interação.
Particularmente, fiquei muito curioso com a participação do Roberto na disciplina, nossas conexões com a música ainda estão por ser feitas.
Abraço.
Muito bem posicionada sua reflexão sobre a mídia e a pressão por ela imposta sobre os atletas sempre em busca de novos recordes assim tornando o uso de medicamentos ilegais cada vez mais "comum" entre atletas de alto rendimento, principalmente em esportes individuais.
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