sábado, 16 de junho de 2007

Educação para mídia - entrevista enviado pelo Marcio

Educação para a mídia
Manuel Pinto, professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, Portugal, fez a conferência de encerramento do IV Seminário Internacional “As redes de conhecimentos e a tecnologia: práticas educativas, cotidiano e cultura”, realizado durante esta semana (11 a 14 de junho) na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Manuel abriu sua exposição destacando a importância da Declaração de Grunwald, assinada, em janeiro de 1982, por representantes de 19 países da Unesco. O documento enfatizava o mundo midiático no qual crianças e jovens estavam – já naquela época – mergulhados e chamava a atenção de todos para a necessidade urgente de promover a educação para a mídia.
Ao final da palestra, o RIO MÍDIA conversou rapidamente com o professor sobre o conceito educação para mídia e quais são os avanços no desenvolvimento de projetos e ações na área.
Acompanhe:
RIO MÍDIA - Em janeiro deste ano, a Declaração de Grunwald completou exatos 25 anos. Muitos creditam ao documento uma importância visionária, pois nos primeiros anos da década de 80 já se fala na educação para mídia. De lá pra cá, como o senhor avalia os avanços na área? Manuel Pinto - Daquilo que eu conheço, e me refiro principalmente às experiências da União Européia e da Ásia, creio que houve alguns passos importantes no que se refere às iniciativas de formação dos professores, uma área importante e estratégica. Houve também um forte incremento na produção de material de apoio para as escolas e seus profissionais. Mas, ao mesmo tempo, observo, por outro lado, uma certa estagnação ou mesmo um recuo no que tange à vontade política. Houve um recuo dos governos no sentido de criar políticas públicas voltadas para uma formação dos cidadãos que inclua a educação para a mídia. Não houve nenhuma aposta neste sentido. Mas, talvez por causa da memória dos 25 anos da declaração, a União Européia e a Comissão Européia estão promovendo reuniões e encontros para radiografar o que está sendo feito, hoje, na área da educação para mídia. A partir daí, quem sabe, surgirá uma nova declaração e com ela uma nova força e vontade política.
RIO MÍDIA - Por que o senhor acha que houve este recuo dos governos, esse retrocesso no investimento de políticas públicas na área da educação para a mídia?Manuel Pinto - Creio que isto tem muito a ver com a questão do financiamento, dos encargos públicos. Diante de dificuldades financeiras, os governos tendem centrar seus esforços nas áreas que são funcionais e tradicionais, ou seja, nos conteúdos já secularizados. Portanto, a educação para a mídia não é vista como prioridade. Não está, infelizmente, inscrita na pauta dos governos. Soma-se a isto o fato de que as indústrias de mídia, com o objetivo de ampliar seus consumidores e mercado, acabam financiando projetos orientados para a tecnologia e não para uma consciência crítica e participativa dos cidadãos. RIO MÍDIA - Na avaliação do senhor, a educação para mídia envolve exatamente quais interfaces?Manuel Pinto - Há três interfaces. Primeiro: a capacidade de interrogar e compreender as linguagens e o sistema da mídia, fazendo dela um tema de estudo e de análise. Aprender a ver a tevê, a ler a internet, os jogos eletrônicos... Segundo: a capacidade de tirar um proveito pedagógico dos recursos da mídia para a educação e cultura. Seria o uso da mídia como ferramenta. E terceiro: a capacidade de valorizar as potencialidades produtivas e expressivas das crianças e jovens frente aos aparatos midiáticos nos quais eles já estão inseridos: blogs, orkut, web 2.0, o second life, internet...
RIO MÍDIA - Falamos sobre os avanços no desenvolvimento de projetos e ações na área da educação para a mídia. Mas e o debate conceitual sobre o tema? Houve mudanças?Manuel Pinto - Durante muitos anos, debatemos a questão do ponto de vista dos indivíduos ou dos meios de comunicação. Penso que é necessário acrescentar a este debate o contexto, as condições nas quais os indivíduos estão inseridos. Ou seja: também é preciso analisar em que condições ocorrem a recepção (pelos indivíduos) e pela produção da mídia.

Um comentário:

Didática - Professor Márcio disse...

Gio, tive uma boa conversar com ele, e falei sobre a dissertação, e ele me disse que é muito amigo de Belloni, e aí a conversa foi...não é você que diz da minha conversa..heheheh...bem ele falou que a dissertação se encaixa no terceiro movimento, sobre a expressão através da mídia, a fala dele foi bem interessante...daqui do front fluminense tudo beleza...abraços para tod@S