sexta-feira, 22 de junho de 2007

O esporte no Second Life (II)

O segundo acontecimento...

Às vésperas da decisão da Taça Libertadores da América (hoje chamada de Copa Toyota Libertadores em função do patrocínio do torneio) diversos veículos noticiaram a preocupação de um embate violento entre as torcidas do Grêmio e do Boca Juniors na cidade de Porto Alegre, fato que já havia ocorrido na semana anterior em Buenos Aires. Como precaução, os torcedores do Boca foram controlados desde a fronteira. Os que chegaram pela fronteira, em Uruguaiana, forão revistados na aduana e aconselhados a seguir em comboio. Em Charqueadas, a 53 quilômetros de Porto Alegre, as excursões foram retidas. De lá seguiram escoltados pela Brigada Militar até o Estádio Olímpico, mas divididos em grupos de dez ônibus a cada viagem.

O detalhe do esquema de segurança montado pela polícia brasileira foi que os torcedores argentinos que não tivessem ingressos deveriam ficar retidos e esperar pela volta de seus companheiros depois do jogo. Os insistentes seguiriam sem escolta e cientes de que não entrariam no Olímpico.

O embate que tentaram evitar com a ação da polícia nas ruas gaúchas acabou ocorrendo de forma "pacífica" no Second Life (SL). Torcedores do Boca Juniors e do Internacional "invadiram" as ruas da Ilha Porto Alegre vestidos com camisas azul e amarelo (cores do Boca) e vermelhas (cores do rival Inter) e portando bandeiras. O local de concentração foi a entrada do Estádio Olímpico construído no SL.

Num contexto conhecido de final de campeonato, onde afirmações e disputas simbólicas por parte das torcidas se acirram, seria um nova maneira de externar a paixão pelo time de coração? Paixão essa que necessita do rival para aflorar... Onde está a fronteira entre tecnologia e cultura?

Que tipo de estudo poderia melhor desvendar esse ambiente virtual? Vamos pensar nas pessoas que comandam os seus bonequinhos (avatares) dentro do SL vestidos com camisas do Inter e Boca a intimidar os torcedores gremistas que se reúnem na porta de uma representação do estádio onde a final do campeonato acontecerá de fato (confuso?). Como se dá a relação entre o sujeito e a máquina? Entre o sujeito e outro sujeito? Vou me arriscar em um comentário: o conceito de mediação me parece ser levado ao extremo, para não dizer posto de pernas para o ar. Mas prometi ser breve e não tecer análises ainda. Quem se arrisca?

Um comentário:

Ira disse...

Esse seu post me leva a pensar nas delimitações de fronteiras entre real e virtual, cada vez mais diluídas (ou quem sabe inexistentes?). -Lembrei-me agora do texto da Sherry Turkle, que traz a idéia não de real e virtual, mas do virtual e do resto da vida. - Ainda não sei o que vem pela frente, mas já tratei de criar um avatar pra não ficar de fora dessa(!) :D Sobre o conceito de mediação, sugiro como pauta para uma reunião do grupo! Com seu questionamento percebi o quanto ainda tenho que estudar sobre o assunto...
Parabéns pela reflexão!
O texto que me referi acima está disponível no site http://www.pucrs.br/famecos/pos/revfamecos/11/sherry.pdf