segunda-feira, 19 de março de 2012

Educação, Futebol, Homofobia e Machismo: O País do futebol ainda não aprendeu a conviver com as diferenças.

No final do ano passado o futebol brasileiro foi palco de mais um lamentável ato de preconceito, protagonizado pela torcida palmeirense e por alguns de seus dirigentes. A história começou assim: Existia um interesse do treinador Felipão em ceder Pierre ao Atlético-Mg e trazer para o Palmeiras o volante Richarlyson, para reforçar o clube paulistano. Especulações sobre a vida sexual do atleta despertaram certa ira de grande parte da torcida palmeirense e isso fez com que a notícia repercutisse rapidamente nas mídias sociais, fazendo com que os dirigentes optassem para que a negociação não se concretizasse. “...O vice de futebol Roberto Frizzo acha que não existe clima para Richarlyson trabalhar no Palmeiras e muitas pessoas concordaram com isso e Tirone não teve escolha em desistir do negócio” (http://www.cidadeesportes.com.br/v1/2011/12/29/presidente-do-palmeiras-decide-nao-contratar-richarlyson/)

No twitter a tag #foraricharlyson ficou entre os assuntos mais comentados. Alguns integrantes da organizada dispararam: “Pelo amor de deus @fabiofinelli avisa o Frizzo que se o Richarlyson vier para o Palmeiras será a maior gozação! #foraRicharlyson”; “Tirone, seu cusão... Queremos camarão, e não um viadão. Richarlyson”.

A torcida Palmeirense teve seu auge de estupidez quando estendeu uma faixa no estádio que dizia: “A homofobia veste verde”.

O futebol é um meio onde o machismo e a homofobia ganham destaque, o homossexual é visto como mais frágil como menos competente e menos intimidador. A própria rejeição do futebol feminino demonstra de certa forma, o ideal de jogador: forte, másculo, sem medo da pancada.

É lamentável que o preconceito fale mais alto que a postura do jogador dentro de campo. Richarlyson já foi campeão mundial, tricampeão brasileiro pelo São Paulo, eleito por muitas vezes um dos onze melhores do brasileirão, vencedor da bola de prata da PLACAR 2007 e fez parte da seleção brasileira, que na época era comandada pelo técnico Dunga.

O homem reflete a sociedade e a sociedade reflete o homem.

2 comentários:

Giovani Pires disse...

Galdino, infelizmente, não é só no futebol que esse traço preconceituoso e homofóbico da sociedade brasileira se reflete.
O caso mais recente é do Michael, jogador de voleibol do Volei Futuro, que passou mais de uma vez por esse constrangimento em jogos da atual Liga Nacional.
Há alguns anos, um jogador de volei catarinense, não lembro o nome, declarou-se homossexual e passou pela mesma situação, sendo obrigado inclusive a fazer exame de sangue para provar que não era portador do virus da AIDs e assim poder continuar jogando.
Isso sem falar no preconceito racial, que campeia em ginásios e estádios, pelo mundo inteiro, como temos acompanhado pela mídia nacional e internacional.
Até quando?

Cristiano Mezzaroba disse...

Muito legal tua postagem e tuas reflexões, Galdino, parabéns! E o comentário do Gio também faz boas provocações. Está aí, quem sabe, mais um grande tema para EF trabalhar, pesquisar.
Lembro da monografia do Alan, que orientei ano passado, sobre este fato do Michael, do Vôlei Futuro.o Fez um estudo de recepção e uma das coisas que os alunos falaram no estudo é que não são preconceituosos, que acharam o cúmulo aquele fato, mas que não comprariam ou vestiriam uma camiseta com o nome dele...
Agora há pouco aconteceu casos de preconceito na superliga masculina e feminina de vôlei, um atleta em MG e uma cubana em Rio do Sul/SC. O esporte só reforça essas questões raciais e discriminatórias, não há como negar. E o fato do Richardysson foi bastante visível. Esquece-se o jogador, sua qualidade, seus serviços já prestados a/aos clube/s e invade-se a esfera privada com olhares depreciativos, este é o problema.
PS.: Gio, se não me engano, o nome do jogador de Blumenau era Bilica, se não estou enganado...