Nos próximos anos,
o Brasil sediará dois dos principais megaeventos esportivos mundiais, a Copa do
Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016. O povo brasileiro é apaixonado por
esporte e essa paixão pode se tornar um problema, sabemos que quando alguém tem
um grande afeto por algo, ele passa a ter uma visão subjetiva da realidade e
assim não enxerga de fato como ela é. A Copa do Mundo, por exemplo, um evento
que deveria trazer consigo a ideia de socialização do esporte; da alegria; da
participação popular; da disseminação da cultura esportiva como patrimônio
cultural da humanidade, sem restrições de condição socioeconômica; trás na
verdade muitos impactos negativos para a população (como se já não
bastasse, a injustiça social que faz
parte da história e da realidade do nosso país).
Um
dossiê sobre a Copa de 2014, divulgado ano passado, denuncia muitos desses
impactos negativos, dentre eles o desrespeito aos direitos trabalhistas. Várias
leis que regem os trabalhadores como o art. 6, 1 do Pacto Internacional dos
direitos Econômicos, Sociais e Culturais, serão infringidas:
“Os Estados partem do presente pacto e reconhecem o direito ao trabalho, que compreende o direito de toda pessoa de ter a possibilidade de ganhar a vida mediante um trabalho livremente escolhido ou aceito, e tomarão medidas apropriadas para salvaguarda esse direito”
A FIFA e as grandes empresas ligadas
a ela exigem que não tenham comércios nas proximidades dos estádios e nem nas
principais avenidas que dão acesso a eles. Isso servirá tanto para os
estabelecimentos quanto para os trabalhadores informais. É impossível negar a
contribuição dos trabalhadores informais na economia, na cultura e na
vivacidade urbana.
Com um discurso barato de “incentivo” ao
turismo, “ordenação” e “limpeza” de áreas onde acontecerão os jogos, serão
tomadas medidas de repreensão ao trabalhador informal. O vídeo a seguir,
destaca o dilema de um catador de material reciclável da cidade de Belo
Horizonte. Ele relata as dificuldades e os preconceitos que permeiam sua
profissão e também fala sobre um possível recolhimento dos catadores durante a
Copa, nas cidades sedes.
É meus amigos, para que a bola role
nos gramados, muitos direitos estão sendo violados fora dele. Continuemos
observando.
2 comentários:
É verdade! Valeu pela publicação Gaudino.
Percebemos a importância de camuflar a realidade, ou será que ficaria bem mostrar para o mundo que o "país do futebol" não é a maravilha imaginada? Apesar de acreditar que em outros países a visão não é exatamente a que irei expor, digo, em uma republica que apresenta um meio político despreocupado com ética, apresentando comportamentos que se distanciam da celebre frase: "O caráter de um homem é o seu destino". não poderíamos esperar uma atitude diferente de tal setor social... Talvez esconder os que estão na margem da sociedade seja a melhor solução. O importante é mostrar que o país pode ser o melhor lugar para se divertir, já que estamos falando do lugar das "melhores" festas(Prostituição da nação), um termo forte, mas é o que os gestores públicos fazem deste país... Que vergonha, [...] "Investimos em educação"!?
Galdino... aproveitando que foi este teu tema de postagem - os megaeventos, em especial, a Copa/2014 - e que quem primeiro comentou foi Eduardo, que logo mais fará uma pesquisa com os vídeos da Brahma para a Copa, eu te diria, em tom irônico, o seguinte: "Pessimista de plantão!"... "Imagina na Copa?!" ehehhe - Façamos o exercício sociológico da imaginação, como brasileiros que constatam cotidianamente nossa realidade (no trãnsito, indo nos estádios, frequentando aeroportos, sentindo insegurança nas ruas... etc etc etc), e essa fantasia toda que querem que engolimos goela abaixo com discursos hipócritas! Veremos logo mais quem era otimista, quem era pessmista (a mídia adora essas oposições!), ou se éramos apenas realistas.
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