Eu sei que todos devem estar cansados de ver, em todos os meios, a cobertura, ora sensacionalista, ora menos emocional, do incêndio na boate Kiss em Santa Maria, que resultou em mais de 200 mortos, soma que ainda pode aumentar, porque mais de 70 estão hospitalizados com risco de morte.
Mas como alguém que passou pela cidade de Santa Maria na vida universitária, gostaria de dar aqui um depoimento, que poderá ser corroborado por outros tantos que também passaram por lá.
Santa Maria é mais que uma cidade e uma universidade. É um ponto de encontro, um tempo/espaço de transição para a vida adulta, é onde deixamos de ser alunos e passamos a ser profissionais. Os 3, 4 ou 5 anos (as vezes, mais) que se passa lá são aqueles que deixam marcas permanentes na nossa formação humana, cidadã e profissional. É lá que se faz amigos para o resto da vida, ou ao menos temos histórias deles pra contar pelo resto da vida.
Para a Educação Física, de modo especial, então, ainda mais. Há toda uma geração de professores universitários que passou por lá, nos anos 80, quando a UFSM oferecia um dos dois únicos mestrados em EF do Brasil (e o seu curso de graduação também era considerado um dos tres melhores do país). Pra lá acorriam pessoas do Brasil todo para buscar sua formação acadêmica.
Por isso, só mesmo quem viveu essa etapa da sua vida numa cidade caracterizada pela educação, que tem 25% da sua população no ensino médio ou nas universidades, consegue compreender, na sua completude, o que significa essa perda; inexplicável, aliás, a não ser pelas fragilidades da legislação e da fiscalização por parte do poder público.
Desde ontem, estamos todos mais pobres um pouco e mais tristes, como todos os santamarienses, gaúchos e brasileiros que um dia tiveram lá seus ritos de passagem!
Blog do Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva (UFSC/UFS/UFSJ)
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Um comentário:
Belas palavras, Gio! No domingo a noite, falava com minha irmã mais nova, sobre a nossa relação com a cidade de Santa Maria e com a universidade. No meu caso, cresci numa cidadezinha colada a Santa Maria e que do alto dos seus montes, podíamos enxergar praticamente todo o campus da UFSM. Nasci no distrito de Silveira Martins e a universidade federal ficava no quintal da nossa casa. Seja para estudar ou trabalhar, quase todos os gaúchos passam por Santa Maria, sem contar no enorme número de pessoas de outros estados brasileiros e países que também passam pela cidade. É impossível não se sentir atingido diretamente.
Gostaria de compartilhar o link do texto do jornalista santamariense Marcelo Canelas porque acho que ele fala sobre isso também.
http://wp.clicrbs.com.br/10dacidade/2013/01/29/o-janeiro-em-que-o-brasil-me-perdeu-por-marcelo-canellas/?topo=52,1,1,,187,e187
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