quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Reflexões de um evento cheio de "vaga-lumes" - IV ENOME

Olá LaboMidianos, Seguidores, Observadores e, antes de tudo, Seres Humanos. Relendo as minhas anotações e tentativas de reflexão provocadas pelas apresentações e falas do IV ENOME (Encontro Nacional do Observatório da Mídia Esportiva) resolvi arriscar a escrita de um breve texto que existisse como uma sinopse e não como síntese de tudo que foi dito e refletido durante o encontro, até porque sintetizar todo o valioso conteúdo que foi trabalhado e discutido com tanta competência pelos palestrantes nos dias 13 e 14 deste mês é uma tarefa de tamanha ousadia que como um reles mortal não me sinto capaz para tal. Peço desde já para aqueles que viveram esta experiência de formação mútua/coletiva/colaborativa/solidária que me ajudem complementando e apontando outras possíveis reflexões.
Vamos lá!


Tivemos uma mesa de abertura composta por duas figuras acadêmicas capazes de provocar o sujeito mais leigo da platéia a um PhD em discussões sobre Esporte, Mídia e Megaeventos. Os professores Paulo Henrique Caetano que é doutor em Linguística e professor do curso de Comunicação da UFSJ e o professor Giovani de Lorenzi Pires que é doutor em Educação Física e professor do curso de Educação Física e da Pós-graduação em Educação Física da UFSC. Os dois professores trataram do tema da mesa (O esporte na mídia no contexto dos Megaeventos: decifra-me ou devoro-te?) com uma eficiente perspicácia crítica que uma abordagem acadêmico-científica sobre um tema tão importante para a sociedade merece, sempre em busca do esclarecimento.
O professor Paulo, abriu a sua fala citando Carlos Drummond de Andrade: "A imparcialidade do juiz é uma virtude que desejaríamos que se voltasse para o nosso lado". De início já despertou em todos um dos instintos humanos mais primitivos, a competitividade. Estratégia que possibilitou que acompanhássemos atentamente as suas reflexões sobre o Esporte como uma prática social determinada pelo modelo do sistema capitalista, sobre a Mídia como uma intermediação de natureza semiótica, de produção de signos, e da influência do segundo nos significados do primeiro, inclusive descaracterizando-o, até certo ponto. O professor Giovani, com dados precisos e informações atuais sobre os Megaeventos apontou como os ditos legados estão sendo superestimados no país, principalmente pela mídia. Associado a fala do professor PH, os legados dos Megaeventos são as "metáforas para a nação moderna" dão vida aos sentimentos de pertencimento e inclusão da população que apenas sobrevive. Enfim, para a Educação Física, para a Comunicação Social, assim como para toda a sociedade, os professores deixaram a provocação de que os Megaeventos são sim uma realidade consolidada no nosso país, mas não podemos esquecer que em todo esse contexto o Esporte é apenas uma "desculpa" para os negócios globais o que o torna praticamente impossível de decifrá-lo e cabe a nós não deixarmos ser devorados, sendo jornalistas, comunicadores, educadores, todos, consumidores críticos e subversivos aos ditames do espetáculo do fenômeno esportivo.

Na sequência tivemos a oportunidade de conhecer os frutos que estão sendo colhidos do trabalho que iniciou lá em 2003 no LaboMídia/UFSC e que agora estão sendo desenvolvidos em outras IES espalhadas por alguns cantos do país. Ouvimos o professor mestre Cristiano Mezzaroba que falou das realizações e projetos do LaboMídia/UFS se consolidando a cada ano que passa. Tivemos o professor doutor Fábio Messa falando do núcleo do LaboMídia/UFPR-litoral e os seus bolsistas ("pintos") que realizam um belo e árduo trabalho no litoral sul do país. A professora doutoranda Paula Bianchi apresentou as pesquisas coletivas e individuais, os trabalhos de ensino e extensão do LaboMídia/UFSC que mais do que nunca consolidado no âmbito acadêmico completa no ano que vem a sua primeira década. Por fim nesta mesa, o professor mestre Diego Mendes apresentou o feito do LaboMídia/UFSJ, carinhosamente apelidado de "LaboMinas", que vem desenvolvendo estudos e pesquisas coletivas com muita competência, inclusive já com uma publicação em breve na Revista Brasileira de Ciências do Esporte.

No final da primeira tarde tivemos o Lançamento de Livros com as "Novas Contribuições do LaboMídia/UFSC" "saindo do forno, o guerreiro, "Projeto Orla", do LaboMídia/UFS e os livros do professor doutor Fábio Zoboli.

O primeiro dia foi fechado com chave de ouro com a apresentação dos trabalhos em pôsters. A primeira vez que o ENOME abre espaço para os trabalhos científicos e todos os presentes ficaram admirados com a qualidade dos, mais ou menos, 50 trabalhos que foram expostos. Todos de alto nível teórico-metodológico e com a participação dos autores em ricas discussões com os participantes ouvintes do evento. No ENOME sim, os expositores não ficaram que nem "prostitutas" ao lado dos seus banners, hein Fábio Messa? (rsrs)

Dia 14, segundo dia do encontro, tivemos as quatro oficinas ou mini-cursos, como queiram chamar. A oficina de "Prezi", ministrada pelos camaradas Rodrigo Ferrari, Ângelo Bruggemann e a ilustre colaboração da  nossa melhor e única Jornalista, Lyana Miranda. A oficina de "Semiótica" com o parceiro, Jaca-Mor, Fábio Messa. A oficina de "Jornais impressos" ministrada pelos Jacas-Libertários, André Quaranta e eu, Silvan Menezes. A quarta e última oficina sobre "Tecnologias digitais" comandada pelo professor doutorando Rogério Pereira. Os comentários de bastidores pós-oficinas, foi sobre o interesse, curiosidade e participação do público que se inscreveu, em sua maioria estudantes da UFSJ. Um envolvimento acadêmico na busca pela aprendizagem como não tem sido visto há algum tempo nas participações em outros eventos.

Na tarde de encerramento do evento tivemos o ponto culminante desse encontro cheio de "vaga-lumes". Tivemos a mesa, sem exageros, fantástica dos "Novos temas e experiências internacionais em Mídia-Educação", com a apresentação sobre os "Corpos" do professor doutor Fábio Zoboli, os estudos de ponta, o além-mar dos Games e da "Gamificação do professor doutorando Gilson Cruz, as experiências na Itália dos doutorandos Rogério Pereira e Iracema Munarim (aniversariante do dia anterior), o intercâmbio com a Argentina do Jaca-Mor, Fábio Messa, contando inclusive das peripécias dos cachorros (Cags e Treps) no RU dos hermanos e a NARRAÇÃO das experiências no Velho Mundo do nosso camarada Fernando Bitencourt, como sempre com a sua capacidade poética e competência teórica desafiou a todos os presentes a serem "vaga-lumes", assim como foi o Sr. Nimar, merecidamente homenageado pelo filho que segue firme e forte disseminando o legado deixado pelo pai.

A mesa de encerramento, foi composta pela maneira sutil e provocadora de tratar a Mídia e a Educação, da professora doutora, Mônica Fantin, da UFSC. A professora ressaltou a "crise da educação", a presença das mídias, ou seria as "midialidades" e os "presumers" (consumidores+produtores / espectadores+atores / leitores+autores). Destacou a mitologia da produção e da participação com o advento das mídias digitais, onde fica evidente a discrepância contraditória dos níveis de participação social no virtual e no presencial. Concluiu apontando que a "reprodução interpretativa" é um pontapé inicial para o movimento transformador da produção cultural simbólica dos sujeitos, a autonomia é despertada através do esclarecimento sobre a subserviência a Indústria Cultural. As "multiliteracies" são possibilidades de subversão desse controle sócio-cultural a que estamos submetidos politicamente na sociedade.

Enfim... depois de uma sinopse um tanto quanto extensa sobre o IV ENOME, vou me atrever a dizer que as palavras do nosso narrador camarada Fernandão Bitencourt resumem, categórica e emocionalmente, o sentido e o significado desse encontro acadêmico-científico de formação mútua e de muita amizade e companheirismo. O único detalhe é que o F. Bit (como ele mesmo se denomina virtualmente) estava iluminado por um vaga-lume tão especial, que a luz dele era azul.



Precisamos viver as nossas experiências diárias, precisamos reativar/reanimar os sentidos humanos mais primitivos para que possamos deixar de simplesmente sobreviver. Temos que ser perspicazes e nos tornar humanos "sem controle"... político, econômico e ideológico... antes de sermos professores, comunicadores e educadores, somos seres humanos que podemos, assim como os "vaga-lumes", iluminarmos o mundo com luzes que ofusquem os holofotes dessa "sociedade do espetáculo" na qual meramente SOBREvivemos achando que estamos VIvendo. Podemos sim ser "vaga-lumes", assim como foi o "Seu Nimar" (Fernando Gonçalves Bitencourt, São João del Rei, IV ENOME, 2012).

Seguimos em frente,

Rumo a Caiobá/PR em 2014.

Obrigado Diego e todos do "LaboMinas".


6 comentários:

Giovani Pires disse...

Que é que eu vou dizer depois disso?
Apud Dorenski, apenas duas palavras: para-bens!!!

Se me permites, vou copiar e colar naquela memória da reunião que enviei antes; assim teremos a "sinopse" do evento.

Sergio Dorenski disse...

Olá laboamigos! Para quem perdeu como eu, só resta lamentar, mas, com certeza presente com vocês (talvez, um vaga-lume também). Valeu Silvan, belo relato. Com este grupo fica a certeza que existir - acadêmicamente - vale à pena, pois, transformou razão em emoção, pesquisa em aproximação indissociável com o objeto, em Encontro/Congresso em reunião de amigos; Grupo de pesquisa em Philia. Parabéns a todos que fazem e fizeram por acontecer. Parabéns ao mineirinhos pela nobreza com os exotéricos e, principalmente, obrigado ao Camarada Giovani por saber conduzir - Uilissianamente - para o esclarecimento..

Cristiano Mezzaroba disse...

Grande BAM... que legal ler um relato assim, tão cheio de detalhes e tão rico de emoção, pra quem estava lá, então, mais ainda! Gio, acho que é uma excelente ideia "linkar" este relato com o relatório da reunião...
E gostaria de pedir ao Rogério ou Diego que, se possível, ali ao lado direito incluam mais uma seção de fotos, do ENOME 2012, como estão as fotos de 2009 e 2010 (falando nisso, nada de fotos do ENOME 2011??/0.
Parabéns, Bam! Parabéns ao grupo e também ao Giovani por esse movimento acadêmico que se materializa e "engorda" a cada ano que passa!

Daniel Minuzzi de Souza disse...

olá labobrothers!

só posso dizer que a cada dia sinto mais falta de tod@s, vocês são especiais. parabéns aos vagalumes. Juntos somos um farol!
abraço.
Xibas

Blog CicloPoiesis disse...

Muitas coisas marcaram essa semana que de tão intensa ainda mobiliza tanto o nosso presente. Sem desmerecer cada evento especial que experimentamos, as experiências do narrador (Fê) marcaram o ENOME, esse dia ficou estampado na pele de muitos e só podemos agradecer a convivência com tantos vaga-lumes que iluminam as avessas nosso caminho que de tão iluminado com as luzes da cidade nos cega. LaboMídia não é conversa fiada! Valeu, Silvan, mandou muito bem no texto!

Diego S. Mendes disse...

Valeu, moçada!